sexta-feira, 20 de maio de 2011

UM DIA DAQUELES - Parte 1

                Há tempos ela vinha sentindo alguns probleminhas em sua região sentante.
                Conversando com amigas ouviu vários conselhos como por exemplo, passar pomada, vapor de planta babosa, passar vick-vaporub (já pensaram a ardência que deve provocar???) e outras coisas mais.
                Acabou chegando à conclusão que o mais correto seria ir a um médico de fiofó e foi o que fez. A médica, uma brincalhona por excelência, quis saber se ela era nascida em Itu por conta do tamanho do problema.
               Saiu do consultório com um pedido de exame de fezes.
               Como era excessivamente precavida em vez de comprar um potinho coletor de material, comprou logo dois de uma vez, mesmo porque nunca havia feito este tipo de exame e no mínimo pensou que a amostragem seria por quilo!
               Na manhã seguinte fez todo um cerimonial para coletar o material e triunfante levou o potinho para o laboratório dentro da caixinha fechada e devidamente embrulhada, imaginando inocentemente que ninguém fosse saber seu conteúdo.
               Para sua surpresa ao chegar ao local, a recepcionista avisou-a que deveria levar três potes e não um único pois a solicitação médica era para três exames diferentes. Marinheira de primeira viagem ela não havia observado isso.
              Teria que voltar no dia seguinte para completar as amostras pois a “matéria prima” do dia, àquela hora, já deveria estar em pleno Atlântico, passando "por mares nunca dantes navegados.”              
              Mas as confusões ainda não haviam acabado.
              Preencheu a guia para entregar somente uma amostra e ficou aguardando ser chamada na sala interna para entregar o material que estava até então, dentro de sua bolsa, hermeticamente fechado e embrulhado para evitar percepções visuais e olfativas.
              Ao ouvir seu nome levantou-se lampeira e foi ao encontro do simpático rapaz. Com cara de paisagem como se nada daquilo fosse com ela, entregou-lhe a caixinha que ele desembrulhou e abriu rapidamente sem esconder um sorriso irônico.
          
  Para espanto dele e dela mais ainda, o potinho estava vazio, absolutamente   v a z i o !
             Num átimo ela deduziu o que havia acontecido: tinha levado o pote vazio e guardado no armário de sua casa, o potinho com o material coletado!
              Ainda sob o impacto da surpresa avisou que iria buscar o que já deveria estar ali.  Segundo o rapaz, o prazo de validade do “produto” seria de uma hora fora da geladeira.
  Foi voando para casa e retornou mais rápido ainda.
              Ao entrar no laboratório não quis pegar senha, ficar na fila novamente e esperar um certo tempo, mesmo porque o prazo de validade estava se esgotando.
             Foi direto ao balcão onde a recepcionista a reconheceu e mal disfarçando o riso disse:
            - A senhora é a pessoa que se esqueceu de trazer...a...o...a...o (ficou gaguejando) e ela então completou a frase rapidinho:
             - Sou eu sim. Esqueci de trazer a MER .......cadoria!!!

Santos, outubro de 2010.

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