Interessante como certas pessoas
não resistem à tentação de palpitarem em determinadas questões alheias, mesmo
quando não são (diria até, que principalmente
quando não são) solicitadas para isso.
Independente do desejo de ser útil
ou não, a impressão que passa é a da necessidade de mostrar conhecimento e
domínio sobre o assunto. Daí, à vontade
de exibi-los, é um passo!
Felizmente tenho encontrado pelo
caminho que trilho já há algumas décadas, poucas pessoas com este perfil. De um modo geral, as opiniões foram muito
bem-vindas e bem intencionadas.
Um caso, entretanto, ficou
registrado não somente em minha memória, mas também na memória das pessoas que
o presenciaram.
Durante um curso básico para
iniciantes em informática, já não tão jovens, as orientações eram dadas
individualmente para cada cursista, passo a passo, de tal forma que ele próprio
realizasse as tarefas no computador.
Alguns alunos tinham um pouco mais
de conhecimento sobre o assunto, enquanto outros partiam da estaca zero; daí a importância do
atendimento individual.
Enquanto eu explicava como formatar
um texto a uma pessoa que nunca havia sentado diante de uma máquina destas,
comecei a ouvir palpites da aluna ao lado, que a cada explicação minha, citava
outros comandos possíveis para se conseguir o mesmo resultado na formatação.
Um olhar atravessado, simplesmente
não resolveu.
Aquele comportamento foi causando
uma grande irritação, já que a pessoa que estava sendo atendida, ao ouvir os
comentários da colega, começou a se confundir.
Seguindo as normas da boa educação,
a princípio solicitei que parasse de palpitar, pois o objetivo era ensinar bem
um comando e quando a aluna se sentisse mais confiante e segura, poderia
explorar e assimilar outros diferentes caminhos na formatação de um texto.
A palpiteira, entretanto, fez
ouvidos moucos, sempre acrescentando alguma outra informação, a cada orientação
que era dada.
Foi quando minha paciência, que é
até razoável, foi para o espaço.
Pedi que se calasse e na sequência,
já com a voz mais elevada, desencavei uma antiga frase muito usada por minha
mãe nestas situações:
- Quer dar licença?! Cada um desce
do cavalo como quiser!!! E tenho dito!
Se ela entendeu ou não eu não sei.
Talvez, esteja procurando o cavalo até hoje, mas foi o que bastou.
Com ar de assombro, finalmente a
palpiteira se calou.
Santos, 9 de dezembro de 2013
Para Alice,
que desconhecia a frase e riu muito presenciando a cena.