domingo, 10 de janeiro de 2016

CHEGOU A MINHA VEZ




Há três anos me diverti muito com um caso que não presenciei, mas acompanhei cada etapa através dos sons emitidos.
Um turista hospedado no prédio onde moro, estava preocupado com um cheiro que lembrava plástico sendo queimado.
Desceu as escadas correndo para já no instante seguinte, virar nos calcanhares e voltar  acompanhado por fortes latidos. Se desceu correndo, seguramente na volta ele voou.  
Subiu os degraus rapidamente enquanto soltava sonoros palavrões tendo os  latidos como fundo musical.  Chegou ofegante no andar superior.
O susto dele foi tão grande que até se esqueceu qual havia sido o motivo  que o levara ao andar debaixo.
Ri muito na ocasião pois acompanhei toda história através dos sons: a conversa no corredor, o barulho da descida da escada, os latidos fortes, a subida com os TÉC TÉC TÉC  dos chinelos batendo rapidamente nos calcanhares, culminando com um rosário de palavrões. Aprendi até alguns  novos.
Contei o fato neste blog: http://lmcerri.blogspot.com.br/2013/01/surpresa-no-andar-de-baixo.html.
Pois bem.  Decorridos três anos, fui apresentada a este mesmo cachorro.
Ao sair do elevador  vi sua cabeça me espiando pela porta aberta de um apartamento. Com certeza minha figura não lhe agradou pois de imediato ele saiu no corredor e veio latindo e correndo em minha direção.
Na mesma hora tentei voltar para dentro do elevador, mas as portas se fecharam. Fiquei ali meio acuada enquanto o quatro patas se aproximava latindo.
Por sorte eu trazia uma sombrinha  nas mãos; estiquei-a para frente e me preparei para o duelo. Senti-me o próprio Zorro sem capa.
Neste instante os donos do cão saíram na porta e o chamaram. 
Ainda bem que o animal é obediente pois estancou na mesma hora e voltou.
Para mim é  totalmente furada aquela máxima que diz: cão que ladra não morde.  Conheço um exemplar que quebra esta afirmação em grande estilo.
Retomei meu caminho no corredor e ouvi  o necessário pedido de desculpa seguido da famosa frase: Não precisa ter medo, ele não faz nada.
Ainda com o coração disparado retruquei:  Como não?  E o susto que ele provoca?
 Temos que lembrar que sustos assim podem trazer consequências graves principalmente para digamos, uma candidata à idosa como eu......eita!
Neste instante lembrei-me das gargalhadas que dei quando ouvi os apuros do turista, neste mesmo andar, três anos antes. 
Quase certeza que se trata do mesmo cachorro.  
Ri naquela ocasião e agora foi a minha vez de ser apresentada a este cão que ladra, ladra muito, mas não quero comprovar se morde ou não.
                   Cachorro nervoso e solto no corredor do prédio é mesmo um Ó!!!!
Saber conviver realmente é uma arte, uma verdadeira arte!



Santos, 10 de janeiro de 2016