Cada
momento tem sua importância na vida de todos nós.
Seja
no âmbito profissional ou pessoal, o que foi vivenciado ou apenas presenciado, ficará armazenado para sempre em nossa memória
e vez ou outra, sua lembrança será resgatada.
Uma
frase solta ouvida numa conversa alheia, uma música tocada ao longe, uma data,
qualquer coisa pode apertar o gatilho das lembranças e nos conduzir de imediato
àquele momento já vivido há tanto tempo.
Ontem
por exemplo, o dia em especial, uma 5ª feira Santa, levou meus pensamentos
diretamente para um fato protagonizado por uma amiga há muitos anos.
Dentre
as cerimônias religiosas tradicionais neste dia santo, há a chamada Cerimônia
do Lava-Pés, na qual o celebrante repetindo um gesto de humildade de Cristo
antes da ceia, lava os pés de 12 pessoas representando os 12 Apóstolos.
Ela
fora convidada a ser uma das pessoas cujos pés seriam simbolicamente lavados
pelo padre da paróquia.
Preparou-se
para o evento sem maiores dificuldades e postou-se ao lado dos outros 11
convidados.
Finda
a cerimônia da lavagem, como de costume, foi entregue a cada participante, devidamente
embrulhado, um pão benzido representando o alimento servido na Santa Ceia.
Distraída
e feliz já com o pé refrescado, ela recebeu o presente: um pacote alongado e
macio. Ainda sem abrir o embrulho, deduziu apressadamente que deveria ser um
par de chinelinhos para vestir já que tivera seu pé direito recém lavado.
Preferiu
continuar com suas sandálias e sem maiores preocupações, acomodou o pacote
macio sob a axila, também conhecida mais popularmente como sovaco.
Caminhou
assim por alguns momentos apertando bem o tal embrulho para que não
escorregasse. Afinal, não queria perder os "chinelinhos" novos.
Somente
ao chegar próxima a algumas amigas é que seu gesto tão casual foi questionado.
Não
entendia o motivo de lhe chamarem a atenção pelo fato de ter carregado o
pretenso chinelinho na axila.
Finalmente
alguém lhe esclareceu que não se tratava de um simples calçado, mas sim, de um
pão abençoado que fora benzido especialmente para aquela cerimônia.
Foi
quando retirou rapidamente o pacotinho já bem amassado, do sovaco onde o
abrigara.
Constatou
satisfeita que o pão sobrevivera.
É
bem verdade que estava todo tortinho e amassado, mas sobrevivera sem nenhum
outro aroma comprometedor.
O
pão continuava abençoado.
Uma Feliz Páscoa a todos!
Santos, 25
de março de 2016 - Sexta-feira Santa.
Para Cleide, que ficou sem seu chinelinho...rsss.