Estamos vivendo uma época em que a intensidade de comunicação
entre as pessoas, supera seus próprios limites a cada dia que passa.
Com apenas um toque de dedo numa tela touchscreen, a
tecnologia nos permite resgatar contatos com pessoas que não víamos há décadas.
Amigos perdidos no túnel do tempo, sobre os quais nunca mais
tivemos quaisquer notícias, de repente como num passe de mágica, estão ali, na nossa frente, nos
sorrindo na tela de um equipamento eletrônico.
As redes sociais já fazem parte da vida diária de mais de um
bilhão de usuários, que não deixam de acessá-las ao menos uma vez ao dia, mesmo
que rapidamente.
O mundo todo está exposto na internet num gigantesco reality
show.
Conhecidos se reencontram, conhecidos dos conhecidos se
tornam também amigos, e assim as redes se ampliam a cada instante.
Nunca foi tão fácil localizar alguém, marcar encontros de
turmas, divulgar ideias, imagens, situações, etc.
A comunicação está no auge, mas, e sempre há um mas, será que
realmente vem ocorrendo em sua plenitude?
O termo é de origem latina - COMMUNICATIO - onde o prefixo
CO= sentido de reunião; a raiz MUNIS= estar encarregado de; e o sufixo TIO=
atividade.*
Portanto comunicação é uma atividade realizada em conjunto.
O que se tem visto com frequência cada vez maior, ainda
considerando as redes sociais, são usuários expondo seus pensamentos, mas pouco
interessados em saber com profundidade e atenção, o que os demais participantes
pensam a respeito. Haja vista que vemos
constantemente comentários sobre alguma postagem, onde seus autores não se deram
sequer ao trabalho de ler o que foi escrito anteriormente sobre o tema e ficam questionando
fatos já explicitados por outros, antes mesmo de sua participação.
De certa forma o mundo virtual está refletindo o que se passa
no real, ou seja, muito se fala e pouco
se ouve.
A peça teatral Tribos, de autoria de Nina Raine, aborda
justamente esta questão. A partir de
problemas enfrentados pela surdez de um personagem, mostra-nos metaforicamente
falando, que é cada vez mais frequente a surdez nas relações pessoais.
O ato de se comunicar está falhando já que tem caminhado num
sentido único, quando deveria ocorrer numa pista de mão dupla:
FALAR E OUVIR
Será que realmente sabemos ouvir as pessoas, seus interesses
e necessidades?
Será que nesta rota acelerada, seja ela virtual ou real, nos
preocupamos tanto em expor nossas ideias que acabamos nos esquecendo que o ato
de comunicar envolve uma atividade realizada em conjunto com outrem?
Em plena era da comunicação, ainda permanecemos surdos.
Santos, 19
de abril de 2015
* www.communicare-tmc.blogspot.com.br - Mestrado
em TIC - ISE Piaget/Gaia.