segunda-feira, 16 de novembro de 2020

HUMOR NA TV: evolução ou involução?


 

Quem acompanhou na TV há alguns anos o programa A Praça é Nossa (antigamente era Praça da Alegria) deve lembrar-se da personagem Velha Surda interpretada por Rony Rios. 

Como não reportar-se de imediato a ela quando por distração ou pura surdez mesmo, entendemos erradamente a palavra que nos falaram? É a tal vida imitando a arte ou vice-versa como alguns preferem.

Recordando rapidamente duas destas situações, me vejo no próprio banco da praça quando em conversa em família sobre a performance de Sophia Loren, é dito que a atriz apesar da idade está inteirona.

De imediato se ouve a pergunta: 

- Ela está morando em Verona?

Na cabeça de todos a cena com a velha da praça aparece instantaneamente e as risadas são inevitáveis.

Também dei minha contribuição (para não chamar de mico) enquanto aguardava a atendente do plano de saúde anotar meus dados para uma autorização de ultrassonografia. 

A uma distância de 2 metros e com uma grossa máscara a jovem pedia meus dados pessoais quando, de repente, a ouço perguntar se eu usava lente de contato. Espantada com tal pergunta já que a visão não tinha nada a ver com o exame, devolvi-lhe a questão querendo saber o motivo deste  tão estranho pedido.  Foi quando mal segurando a risada a atendente em tom bem mais alto me esclareceu que queria um telefone de contato. 

Claro que não somente ela como eu rimos, mas também todos os demais que estavam por perto.   Foi minha mais recente interpretação da inesquecível Velha Surda.

Lembrando-me então dos humoristas que se apresentavam na TV até há pouco tempo, não pude deixar de traçar uma linha comparativa com os atuais programas. Conclui não sem certa tristeza que já há alguns anos não tenho conseguido acompanhar na TV nenhum quadro dito de humor.

Às vezes até me obrigo a assistir algum que ouço comentários positivos, mas logo desisto. Desde o texto, passando pelas  caricaturas, por interpretações, tudo me soa tão forçado e falso (muitas vezes apelativo) que não consigo achar graça alguma e chego a sentir até a tal vergonha alheia.

Talvez o humor que hoje se exibe na TV não se enquadre mais em minhas preferências, ou então as décadas já vividas tenham me roubado um pouco o senso de humor, fato este que considero um pouco difícil.

Os valores, as expressões, as abordagens com certeza sofrem modificações com o passar do tempo. Alguém já disse que se ficarmos exclusivamente olhando para o passado, não viveremos o presente e perderemos o futuro. Concordo plenamente.

Mudanças são bem vindas e necessárias e temos que nos adaptar a elas se quisermos evoluir. Basta lembrar Darwin e sua Teoria da Seleção Natural para nos conscientizarmos disso.

O que porém tem ocorrido de um modo geral é que cada vez mais sinto que as transformações têm acontecido de maneiras tão descontroladas e aceleradas, que atropelam o homem e nem sempre nos levam a um progresso, a uma evolução e sim a um retrocesso.

Por conta disso ouço com muita frequência a expressão "no meu tempo", expressão essa que de imediato, como já testemunhei, coloca os mais jovens numa rápida postura de rejeição a todo o resto da frase.

A ideia não é desvalorizar o novo pura e simplesmente, mas analisar se realmente tal mudança trará algo benéfico.

Se sim, vamos aplaudi-la e adotá-la. Caso contrário é melhor estudar novas maneiras de implantá-la para que realmente nos leve ao desejado progresso.

Por essas e mais aquelas continuo a preferir a singeleza e simplicidade da divertida Velha Surda Bizantina Escatamaquia Pinto com sua música de apresentação: Ó querida, ó querida, ó queriiiiiiiiiiida Clementina!!!




Santos, 16 de novembro de 2020

Respondendo somente agora sua pergunta Edo, Sophia Loren mora atualmente em Genebra, mas tem imóveis em Nápoles e Roma.  Portanto ela não mora em Verona, mas está inteirona...😁😁😁