Quem acompanhou na
TV há alguns anos o programa A Praça é Nossa (antigamente era Praça da
Alegria) deve lembrar-se da personagem Velha Surda interpretada por Rony Rios.
Como não
reportar-se de imediato a ela quando por distração ou pura surdez mesmo,
entendemos erradamente a palavra que nos falaram? É a tal vida imitando a arte ou
vice-versa como alguns preferem.
Recordando
rapidamente duas destas situações, me vejo no próprio banco da praça quando em
conversa em família sobre a performance de Sophia Loren, é dito que a atriz
apesar da idade está inteirona.
De
imediato se ouve a pergunta:
- Ela está
morando em Verona?
Na cabeça
de todos a cena com a velha da praça aparece instantaneamente e as risadas são
inevitáveis.
Também dei
minha contribuição (para não chamar de mico) enquanto aguardava a atendente do
plano de saúde anotar meus dados para uma autorização de ultrassonografia.
A uma
distância de 2 metros e com uma grossa máscara a jovem pedia meus dados
pessoais quando, de repente, a ouço perguntar se eu usava lente de contato. Espantada com tal pergunta já que a
visão não tinha nada a ver com o exame, devolvi-lhe a questão querendo saber o
motivo deste tão estranho pedido. Foi quando mal segurando a risada a atendente
em tom bem mais alto me esclareceu que queria um telefone de contato.
Claro que
não somente ela como eu rimos, mas também todos os demais que estavam por
perto. Foi minha mais recente interpretação
da inesquecível Velha Surda.
Lembrando-me
então dos humoristas que se apresentavam na TV até há pouco tempo, não pude
deixar de traçar uma linha comparativa com os atuais programas. Conclui não sem
certa tristeza que já há alguns anos não tenho conseguido acompanhar na TV
nenhum quadro dito de humor.
Às vezes até
me obrigo a assistir algum que ouço comentários positivos, mas logo desisto. Desde
o texto, passando pelas caricaturas, por
interpretações, tudo me soa tão forçado e falso (muitas vezes apelativo) que
não consigo achar graça alguma e chego a sentir até a tal vergonha alheia.
Talvez o
humor que hoje se exibe na TV não se enquadre mais em minhas preferências, ou
então as décadas já vividas tenham me roubado um pouco o senso de humor, fato este
que considero um pouco difícil.
Os valores,
as expressões, as abordagens com certeza sofrem modificações com o passar do
tempo. Alguém já disse que se ficarmos exclusivamente olhando para o passado,
não viveremos o presente e perderemos o futuro. Concordo plenamente.
Mudanças
são bem vindas e necessárias e temos que nos adaptar a elas se quisermos
evoluir. Basta lembrar Darwin e sua Teoria da Seleção Natural para nos conscientizarmos
disso.
O que
porém tem ocorrido de um modo geral é que cada vez mais sinto que as transformações
têm acontecido de maneiras tão descontroladas e aceleradas, que atropelam o
homem e nem sempre nos levam a um progresso, a uma evolução e sim a um
retrocesso.
Por conta
disso ouço com muita frequência a expressão "no meu tempo", expressão essa que de imediato, como já
testemunhei, coloca os mais jovens numa rápida postura de rejeição a todo o
resto da frase.
A ideia
não é desvalorizar o novo pura e simplesmente, mas analisar se realmente tal
mudança trará algo benéfico.
Se sim,
vamos aplaudi-la e adotá-la. Caso contrário é melhor estudar novas maneiras de
implantá-la para que realmente nos leve ao desejado progresso.
Por essas
e mais aquelas continuo a preferir a singeleza e simplicidade da divertida Velha
Surda Bizantina Escatamaquia Pinto com sua música de apresentação: Ó querida, ó
querida, ó queriiiiiiiiiiida Clementina!!!
Santos, 16 de novembro de 2020
Respondendo somente agora sua pergunta Edo, Sophia Loren mora atualmente em Genebra, mas tem imóveis em Nápoles e Roma. Portanto ela não mora em Verona, mas está inteirona...😁😁😁