Nestas
tentativas acabei colecionando fotos sui
generis como por exemplo se escondendo entre as roupas penduradas num varal
ou até virando literalmente de costas. O interessante é que ela era uma mulher muito bonita desde jovem e conservou a beleza até partir.
Como
ainda não havia a facilidade de hoje o jeito era esperar a revelação chegar
para apenas constatar o que já se sabia:
novamente ela havia conseguido sucesso ao se ocultar.
Assim
era minha mãe, reservada, simples, sem nunca pedir nada para si e muito menos
exigir. Pensava sempre no bem estar dos outros.
Devido a isso era difícil presenteá-la nas datas festivas pois ao ser
consultada sempre dizia não querer e nem
precisar de nada.
Hoje
logo pela manhã meus pensamentos viajaram através do tempo e do espaço pois 18
de setembro é SEU DIA. A
pergunta veio instantaneamente: O que gostaria de ganhar? E eu mesma respondi com sua frase típica: Não preciso de nada! Só quero sossego!
O
jeito era procurar algo de seu gosto e presenteá-la assim mesmo.
Há
mais de 21 anos não posso mais surpreendê-la.
Nos primeiros anos de sua partida levava flores mas atualmente só posso
lhe oferecer orações.
Hoje
porém é dia de festa e gosto sempre de recordar os bons momentos quando a
alegria irrompia pela casa provocando gargalhadas em todos. São justamente estas ocasiões que relembro
agora quando a senhora completaria 93 anos.
Como
esquecer a tal expressão "bita véio" sempre que queria distância de
algo ruim ou complicado? Virou até um bordão na família e é repetido pelas
gerações mais novas.
Lembro
também da história da mola na bunda dando o maior susto num entregador, dou
risada ao recordar o caso do Cristo sem um braço que para ela virou um guarda
de trânsito, a história da dentadura fujona, da cadeira de praia que quase
causou a 3ª Guerra Mundial, a correria dos netos para o banho ao ouvirem sua
voz se aproximando e interrompendo o jogo que não acabava nunca (até hoje a
cena das canelinhas dos dois girando tão rápidas me fazem lembrar do desenho do
bip bip fugindo do coiote) e muitos outros momentos de pura descontração.
Como
esquecer as tardes em que ia ajudar a fazer empadinhas na casa de tia Daiza?
Toda empadinha que ficava meio feiosa elas comiam e assim quase não sobravam
salgadinhos para assar. Riam até não
mais poder.
É
dona Daisy, a senhora partiu cedo demais mas deixou muitas lembranças boas em
todos que a conheceram e com certeza deixou também imensas saudades.
Parabéns
Mã, como os filhos a chamavam, e esteja em paz.
Um
dia nos encontraremos para recordar estes momentos marcantes que entraram para
a história da família. Com certeza daremos novamente boas gargalhadas.
Santos,
18 de setembro de 2021.
Para minha mãe Daisy Arnold Cerri, desejando-lhe muitas felicidades.
Uma das únicas fotos obtidas com sucesso: