Os
hábitos alimentares têm sofrido significativas mudanças ao longo do tempo.
Graças
às pesquisas, aos estudos detalhados, à tecnologia, constatou-se os malefícios causados
pela ingestão de determinados comestíveis como alimentos gordurosos, açúcares,
sódio em excesso, etc.
Outro
fator que interfere diretamente em tais hábitos é sem dúvida nenhuma o paladar
de cada um de nós.
A
despeito de saber da importância de certos comestíveis para nossa saúde, mantenho
dentro das possibilidades, costumes alimentares bem simples. Meu paladar não é nada
sofisticado e nem me preocupo com isso.
Particularmente
confesso sem nenhuma crise existencial que pertenço ao grupo dos: Não comi e
não gostei.
Se
o visual do prato não me agrada, opto por nem experimentar.
Ainda
na infância minha mãe tentou em vão me fazer gostar de certas comidas e até forçou
a ingestão delas. Ainda bem que neste
ponto sempre tive apoio do meu pai que também não era dado a comidas muito
diferentes.
Citando
minha mãe me vem à mente o caso dos quiabos.
Aproveitando
a ausência de meu pai ela tentou nos forçar (a mim e a meu irmão) a comermos
quiabos cozidos.
Colocou
uma boa quantidade em nossos pratos e voltou para a cozinha dizendo ameaçadoramente
que quando voltasse queria ver os tais pratos vazios.
Entre
a copa onde estávamos e a cozinha havia uma grossa cortina que a impedia de nos
ver.
A
mesa ficava encostada na parede onde se abria uma grande janela que dava para o
corredor lateral da casa.
Nem
precisamos combinar nada, só uma troca de olhares e decidimos como nos livrar
do problema. Em instantes subimos nas cadeiras e jogamos todos os quiabos pela
janela.
Ato
contínuo minha mãe retornou à copa e ficou contente em ver os pratos vazios,
nos liberando para sairmos.
Era
só o que queríamos fazer, ou melhor, precisávamos urgentemente fazer, pois
todos os quiabos jaziam no chão do corredor. Corremos para lá pela porta de
acesso da sala e assim evitarmos a cozinha.
Separando
nosso corredor do prédio vizinho havia um muro não muito alto e lá funcionava uma
gráfica. Como ela estivesse fechada naquele dia nem pensamos duas vezes: fizemos
a festa dos quiabos voadores que passaram todos por cima do muro.
Jamais
minha mãe veio a saber disso.
Não
sei meu irmão, mas eu não como quiabos até hoje. Sei que os costumes
alimentares dele não divergem muito dos meus.
Mais
recentemente numa viagem ao nordeste com amigas, enquanto elas se deliciavam
com caldeiradas, frutos do mar, peixes, casquinhas de siris, etc., eu me
alimentava de frangos. Ao final da
viagem fiquei seriamente preocupada que começassem a nascer penas em mim de
tanto frango que comi.
Não
me esqueço de um almoço super elegante onde para o grande espanto dos amigos
que comigo estavam, rejeitei o oferecimento de um garçom. Era caviar. Eu não estava a fim de comer ovas
de peixe.
Resultado:
fui intimada pelos amigos e pegar tudo que fosse oferecido e caso não gostasse,
que repassasse a eles depois. Assim foi feito em meio a muitas risadas.
Agora
quando o cardápio é massa, aí não renego nada, nem a descendência italiana.
Uma
mudança recente aconteceu: passei a comer peixes.
Então
neste caso posso dizer que provei e gostei.....eita!
Santos, 19 de novembro de 2022
Para Rita pela inspiração ao tema comendo frutos
do mar e para Luiz que me animou a comer peixes.