Outro SARESP chegando neste segundo
semestre de 2014.
A sigla significa Sistema de
Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo. São avaliações externas
direcionadas a determinados anos e séries escolares, com o objetivo de avaliar
o rendimento do aluno e a partir da identificação das principais dificuldades
encontradas, propor melhorias no ensino.
Coordenei sua aplicação na então
chamada Delegacia de Ensino de Rio Claro, desde o início em 1996 até 2003, quando
me aposentei.
Na época, dez municípios faziam
parte desta Delegacia totalizando quase 50 escolas estaduais.
No período do SARESP ocorria uma
verdadeira aventura estrada afora a fim de se distribuir os materiais, promover
reuniões, recolher e conferir todo material e finalmente elaborar um imenso
relatório da D.E. a partir dos relatórios de cada unidade escolar.
Ficava tão envolvida com o processo
que certa vez, numa reunião em Brotas, uma coordenadora de escola municipal que
também participava do evento, esquecendo meu nome, chamou-me de dona SARESP e
assim fiquei conhecida por um bom tempo naquele município.
A despeito da importância do
processo, para mim é impossível dissociá-lo de um acrobático tombo que
finalizou deixando-me numa posição de ioga que jamais consegui fazer em
condições normais: plantar bananeira.
O caminhão trazendo todo material a
ser usado no SARESP chegou à Delegacia num momento em que eu não estava
presente. Foi solicitado aos
carregadores que descarregassem as muitas pesadas caixas numa sala que ficava num
local bem reservado e seguro.
Aconteceu, porém, que tais
carregadores não tiveram o cuidado de colocar as caixas que iriam para o mesmo
município, todas juntas ou ao menos próximas entre si. Na verdade eles
promoveram uma verdadeira miscelânea com o material.
Quando vi o ocorrido, resolvi organizar
tudo visando facilitar o trabalho no momento da distribuição.
Como sempre, apressada e elétrica,
não esperei que alguém pudesse vir ajudar. Decidida que estava não levei em consideração
o tamanho de cada caixa (em torno de 40 cm x 40 cm x 40 cm), o peso das mesmas
que deveria ser algo próximo a 30 quilos cada uma e muito menos considerei meu
tamanho e minha força.
As caixas estavam empilhadas de
três em três, formando colunas com espaços entre elas. Vendo que não conseguia
erguer uma sequer, resolvi então empurrar as tais colunas a fim de aproximar as
que teriam por destino, o mesmo município.
Nem bem pensei e já entrei em ação;
ou melhor, desaceleração!
Com a ponta do pé direito tentei
empurrar a caixa de baixo, ao mesmo tempo em que apoiando as mãos na de cima,
apliquei a maior força que fui capaz. Julguei inocentemente, que a caixa do
meio se deslocaria acompanhando a de baixo.
Na primeira tentativa elas nem se
mexeram. Respirei fundo e parti com tudo para uma segunda tentativa e foi aí
que o fato se deu.
A caixa que estava no chão, nem
ligou para a pressão de meu delicado pezinho. Em compensação, a terceira e
última caixa, acabou se deslocando para frente diante do forte empurrão, caindo
no chão justamente no vão entre as pilhas.
Porém, contudo, entretanto,
todavia, no entanto... a caixa do meio, acompanhando sua vizinha de baixo, nem
sem mexeu.
Com pés travados pela primeira
caixa, mas com o tronco bem curvado para frente em função da grande força que
fiz com os braços, meu corpo acabou acompanhando a terceira caixa e quando dei
por mim, estava passando (ou seria voando?) sobre o material. Fiquei alguns poucos
segundos plantando bananeira no vão entre as colunas de caixas para finalmente dar
uma cambalhota e esparramar-me no chão.
Assim que levantei e ainda
atordoada sem saber onde estava, eis que entra na sala a chefe da administração,
que felizmente não viu a performance circense completa e nem algunas otras cosas, já que eu usava um
vestido curto nesta ocasião.
Mesmo assistindo somente o final da
cena, ela ao saber o motivo de eu estar tão branca e um tanto decomposta além
de descalça (as sandálias voaram longe durante o malabarismo), soltou sua tão
gostosa e contagiante gargalhada.
Nunca mais consegui dar cambalhotas
e muito menos plantar bananeiras. Acho que aproveitarei o próximo SARESP para
me exercitar novamente.
Este desempenho acrobático não
constou do relatório do SARESP daquele ano, apesar de ter sido fenomenal; eu
garanto!
Santos, 23 de agosto de 2014.
Para Zezé
Varuzza, recordando sua risada tão gostosa.