Conhecemo-nos
há muitos anos e sua simpatia, dinamismo, conversa fácil, bem como suas muitas histórias
vividas, me cativaram desde sempre.
Admirava
sua alegria de viver bem como sua preocupação com todos, inclusive comigo que
nem da família era.
Embora
não nos víssemos com frequência conversávamos por telefone praticamente todos
os domingos pela manhã.
Por
volta das 10h o telefone tocava e eu já sabia que ouviria sua voz desejando-me um bom dia e uma boa semana. Dificilmente ela falhava nas
ligações. Em um domingo que isto aconteceu resolvi tomar a iniciativa e ligar para cumprimentá-la mas acabei provocando um pequeno constrangimento, pois se encontrava assistindo uma
missa e se atrapalhou para desligar o celular.
Pessoa
de coração amoroso e também de pulso firme que soube criar muito bem os filhos
mesmo tendo passado por momentos
difíceis.
Gostava
muito de ouvir suas histórias como as da época em que jovem ainda, tinha aulas com Mário Lago no Teatro Municipal de São Paulo chegando a conviver com alguns artistas que
ficaram famosos posteriormente.
Quando
completou 80 anos veio comemorá-los fazendo-me uma visita. Apesar de terem sido
poucos dias pudemos passear bastante e visitarmos lugares dos quais dizia
sentir muitas saudades como a Ilha Porchat e a cidade de São Vicente. Ficou emocionada ao pisar na areia da praia e sentir as ondinhas molharem seus pés, pois não fazia isso há anos.
Lembro-me
como rimos assistindo juntamente com uma amiga a peça "Trair e coçar é só começar",
no Teatro Municipal de Santos. Ela estava feliz.
Numa
véspera do Dia de São Pedro, há três anos, ela partiu.
Por
um bom tempo eu ainda ficava esperando inutilmente o toque do telefone nas
manhãs de domingo quando sua voz tão conhecida me desejava uma feliz semana.
Cumpriu
com louvor e distinção sua passagem aqui na Terra e com certeza entrou para
sempre na história de vida de quem a conheceu.
Esteja
em paz dona Ida e fique com Deus, como sempre me dizia!
Santos, 28 de junho de 2021.
Para dona Ida Rossi.