As
décadas já vividas (fator preponderante), o cansaço provocado pelas compras de
final de ano, a conversa, ou simplesmente a pura e total falta de atenção, já
provocaram acidentes e incidentes nas melhores famílias.
Com
elas não poderia ser diferente.
Em
tempos de pandemia o jeito é programar-se para sair o menos possível de casa e
sempre em horários nos quais é bem menor a probabilidade de encontrar muitas
pessoas.
Pensando
assim elas ainda bem cedo tomaram o rumo do supermercado. Considerando que os preços estão elevados, cada
qual levou sua listinha nas mãos para controle a fim de se evitar gastos
supérfluos.
Compras
feitas, pagas e já colocadas no carro, rumaram para seus apartamentos.
Para
que as sacolas com as mercadorias não se misturassem, uma parte foi colocada no
carrinho do prédio e a outra acondicionada em sacolas de tecidos.
Uma delas reside no 5º andar e outra no 8º andar
do mesmo edifício.
Já
no interior do elevador e um pouco espremidas pelo carrinho e sacolas de pano,
optaram por se deslocarem primeiro ao 8º andar pois as compras eram em menor
quantidade, e na sequência a moradora do 5º desceria com suas aquisições
devidamente acomodadas no carrinho.
E
foi aí que a intervenção de vários fatores, dentre eles as décadas vividas,
alterou todo o esquema.
Assim
que a porta do elevador abriu, a moradora do 8º apressou-se em colocar todas
as sacolas cheias de compras no corredor. Despedidas feitas, porta fechada e o
elevador se deslocou novamente.
Ato
contínuo, ao ocorrer a segunda parada, a moradora do 5º andar fazendo um certo
esforço, conseguiu colocar o carrinho no corredor e se deslocou em direção à
sua casa.
Surpresa
total!
Vários
tapetinhos decoravam as portas dos apartamentos, tapetinhos estes que com
certeza não pertenciam ao andar em questão.
Feita a verificação ela constatou que estava no 8º pavimento.
Voltou rapidamente com o carrinho e com novo esforço o colocou no
elevador, agora com uma dificuldade maior pois ria muito e isso diminuiu suas
forças.
Chegou
finalmente ao 5º e nele
encontrou no chão perto da saída do elevador, as sacolas que deveriam estar no
8º. Nem sinal da dona das mesmas ali por
perto.
Estacionou o carrinho num canto do corredor, recolheu as sacolas e
embarcou novamente para o 8º andar. Ainda sem encontrar a proprietária deixou
todas as sacolas na porta do apartamento e retornou ao seu pavimento.
Outra
surpresa! Cadê o carrinho???
Passado
o espanto inicial, o observou no final do corredor, já vazio, estacionado na
porta de seu apartamento. Ao se
aproximar encontrou a companheira saindo da moradia, onde havia descarregado
toda a compra.
Aí
as gargalhadas foram inevitáveis.
Com certeza apertaram errado os botões do elevador e uma delas nem percebeu que ele subiu quando deveria descer. Total desatino.
Toda
esta lambança de entra e sai de elevador com compras descarregadas em andares
trocados, levou praticamente mais tempo do que a própria ida ao supermercado.
Creio
que num futuro próximo, bem próximo diga-se de passagem, haverá a necessidade
de usarem um GPS para se deslocarem dentro do próprio prédio.
Santos, 21 de dezembro de
2020
Para Tutu, companheira de todo este
desatino.