segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

UM GPS POR FAVOR!



As décadas já vividas (fator preponderante), o cansaço provocado pelas compras de final de ano, a conversa, ou simplesmente a pura e total falta de atenção, já provocaram acidentes e incidentes nas melhores famílias.

Com elas não poderia ser diferente.

Em tempos de pandemia o jeito é programar-se para sair o menos possível de casa e sempre em horários nos quais é bem menor a probabilidade de encontrar muitas pessoas.

Pensando assim elas ainda bem cedo tomaram o rumo do supermercado.  Considerando que os preços estão elevados, cada qual levou sua listinha nas mãos para controle a fim de se evitar gastos supérfluos.

Compras feitas, pagas e já colocadas no carro, rumaram para seus apartamentos.

Para que as sacolas com as mercadorias não se misturassem, uma parte foi colocada no carrinho do prédio e a outra acondicionada em sacolas de tecidos.

Uma  delas reside no 5º andar e outra no 8º andar do mesmo edifício.

Já no interior do elevador e um pouco espremidas pelo carrinho e sacolas de pano, optaram por se deslocarem primeiro ao 8º andar pois as compras eram em menor quantidade, e na sequência a moradora do 5º desceria com suas aquisições devidamente acomodadas no carrinho.

E foi aí que a intervenção de vários fatores, dentre eles as décadas vividas, alterou todo o esquema.

Assim que a porta do elevador abriu, a moradora do 8º apressou-se em colocar todas as sacolas cheias de compras no corredor. Despedidas feitas, porta fechada e o elevador se deslocou novamente.

Ato contínuo, ao ocorrer a segunda parada, a moradora do 5º andar fazendo um certo esforço, conseguiu colocar o carrinho no corredor e se deslocou em direção à sua casa.

Surpresa total!

Vários tapetinhos decoravam as portas dos apartamentos, tapetinhos estes que com certeza não pertenciam ao andar em questão.  Feita a verificação ela constatou que estava no pavimento.  Voltou rapidamente com o carrinho e com novo esforço o colocou no elevador, agora com uma dificuldade maior pois ria muito e isso diminuiu suas forças.

Chegou finalmente ao 5º e nele encontrou no chão perto da saída do elevador, as sacolas que deveriam estar no 8º.  Nem sinal da dona das mesmas ali por perto.

Estacionou o carrinho num canto do corredor, recolheu as sacolas e embarcou novamente para o 8º andar. Ainda sem encontrar a proprietária deixou todas as sacolas na porta do apartamento e retornou ao seu pavimento.

Outra surpresa! Cadê o carrinho???

Passado o espanto inicial, o observou no final do corredor, já vazio, estacionado na porta de seu apartamento.  Ao se aproximar encontrou a companheira saindo da moradia, onde havia descarregado toda a compra. 

Aí as gargalhadas foram inevitáveis.

Com certeza apertaram errado os botões do elevador e uma delas nem percebeu que ele subiu quando deveria descer. Total desatino.

Toda esta lambança de entra e sai de elevador com compras descarregadas em andares trocados, levou praticamente mais tempo do que a própria ida ao supermercado.

Creio que num futuro próximo, bem próximo diga-se de passagem, haverá a necessidade de usarem um GPS para se deslocarem dentro do próprio prédio.

 

Santos, 21 de dezembro de 2020

Para Tutu, companheira de todo este desatino.


 

quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

PODEREMOS FESTEJAR 2021?



Há um ano quem de nós imaginaria um 2020 tão desastroso?

Vínhamos numa roda viva de acontecimentos com mais tragédias que fatos positivos.  Basta lembrarmos rapidamente alguns exemplos como Brumadinho, escola de Suzano, CT do Flamengo, imensas manchas de óleo nas praias do nordeste, e por aí afora. O Brasil perdeu também pessoas de destaque como Ricardo Boechat, Gugu Liberato, Beth Carvalho, Lucio Mauro, Rubens Ewald Filho, João Gilberto, entre tantos.

Em meio a tantas notícias ruins houve também algumas positivas como a canonização de Irmã Dulce, a primeira santa brasileira. 

Entretanto fatos tristes predominaram totalmente o ano de 2019.

Era comum ouvirmos e até mesmo concordarmos com a expressão: 

Tomara que este ano acabe logo!

E eis que 2020 chegou e como dizem alguns, chegou chegando e já nos assustando logo nos primeiros dias com notícias vindas da Ásia, posteriormente da Europa, da América do Norte e em março batendo na porta do Brasil.

Sem que ninguém esperasse nos vimos enclausurados em casa,  acompanhando a disseminação de um vírus mortal de forma acelerada, levando pessoas amigas, familiares, desconhecidos, enfim, acumulando perdas e mais perdas humanas.

De repente tivemos que nos afastar de todos, evitarmos qualquer contato físico com quem quer que seja. Pais separados de filhos, avós separados de netos, irmãos isolados e amigos também.

Entretanto o tempo no isolamento do lar permitiu muitos momentos de reflexões sobre nossos valores. Ficou mais do que claro que acumulamos muitas coisas desnecessárias no dia a dia. Constatamos que a companhia de familiares, de amigos, assim como os abraços reais, efetivos, não têm preço mas têm sim, valores inestimáveis.

Passou a ser arriscado até o simples toque suave de uma mão sobre nosso braço nos dizendo estou aqui com você, estou lhe apoiando. Imaginem então um abraço daqueles de urso, quando os corações batem no mesmo compasso! Em tudo isso o distanciamento colocou um fim de forma abrupta.

Agora, quando surge uma luz no final do túnel e as tais vacinas estão prestes a chegar, nossa esperança toda se deposita em 2021.

Será ainda um ano difícil em todos os campos, principalmente na saúde e economia, mas desejo e espero que tudo isso que vivemos neste 2020 abra nossa mente para o que realmente importa nesta vida: o SER é indiscutivelmente superior ao TER.

Que tenhamos aprendido que as melhores coisas da vida são gratuitas: abraços, sorrisos, beijos, família, amigos, amor, risos e boas lembranças. Quem me conhece sabe que curto muito minhas boas lembranças!

Desconheço a autoria da frase mas concordo com ela:

"A ciência já provou que não é possível "ganhar frio"; o que acontece é perda de calor. Isso nos leva a pensar que talvez o ódio não exista, é apenas falta de amor".

Um ano de paz e saúde a todos!

 

Santos, 16 de dezembro de 2020