sábado, 28 de julho de 2012

A TÃO ESQUECIDA EDUCAÇÃO




A vida é um constante confronto com novas situações e novos desafios.
Mudanças geram insegurança mas são necessárias para que haja crescimento e evolução.
A sociedade como um todo se depara dia a dia com essas alterações sejam elas no campo material, impulsionadas pelos avanços tecnológicos, como também nas relações interpessoais.
A família como era concebida há poucas décadas sofreu significativas mudanças. Atualmente apresenta uma grande diversidade na maneira como pode ser constituída. O que a princípio causou espanto no século passado, hoje está inserido no contexto da sociedade.
O que há de se ressaltar, entretanto, é que caminhando ao lado de todas essas mudanças ocasionadas pelos chamados novos tempos, estamos também presenciando a extinção de certos valores imprescindíveis ao ser humano.
Cito um único e fundamental exemplo observado constantemente por todos nós: a morte da EDUCAÇÃO.
É lamentável como ela vem perdendo seu valor gradativamente.
A educação está deixando de existir não somente no trato entre pessoas desconhecidas, mas também no seio familiar, onde parcela significativa dos jovens e crianças tratam seus pais com absoluta falta de respeito, reproduzindo esse comportamento em todos ambientes que frequentam. Não é difícil observar-se nas escolas, nos clubes, nos lugares públicos, grosserias dirigidas a adultos e principalmente a pessoas idosas.
O que mais espanta é a rendição total dos pais ou responsáveis diante dessas situações. 
Um misto de despreparo, sentimento de culpa, compensações totalmente fora de contexto e até disputas absurdas, norteiam atitudes desses adultos que acabam desestruturando a convivência e se dão por vencidos diante dos filhos.
Ainda lembro-me de expressões de pais, quando eram solicitados a comparecerem na escola devido a comportamentos muito inadequados dos adolescentes. Creio que colegas continuem a ouvir hoje e cada vez com mais frequência, a famosa frase desabafo:
- Não posso com a vida do meu filho! A senhora faça o que puder!
Essa declaração dita diante da criança ou adolescente significa que realmente os pais “jogaram a toalha”.
Aqui sou obrigada a fazer uma atualização: a segunda frase era válida há alguns anos e a ouvi várias vezes; atualmente ela seria algo assim:
 - A senhora não se atreva a criticar meu filho!
Não se trata de um retorno à palmatória, às humilhações, aos castigos corporais impostos às crianças e jovens.  Tais maneiras de controlar certos comportamentos já revelaram que a opressão, o medo, o receio, não moldam o bom caráter.  Ao contrário, muitas vezes por conta deles, perde-se o respeito de vez.
O que se ouve falar muito mas não é posto em prática, é o que se observa no cotidiano da família, primeiro grupo social com o qual a criança tem contato: a falta de conversa, de diálogo entre pais e filhos. Não aquele “papo” sobre assuntos banais que nada acrescentam a ambas as partes; mas conversas pessoais onde num clima calmo, sem tempo cronometrado, com eletrônicos desligados, o filho sinta segurança para se abrir, se expor, baixar a guarda e contar o que lhe vai na mente e na alma. Uma conversa de mão dupla, onde pais também exponham seus pensamentos e desejos calcados nos exemplos aprendidos com a vida.  Diálogo que tenha como pano de fundo sempre presente, o afeto, o bem querer, o amor.
Diferentes personalidades e temperamentos existem, mas ninguém melhor que a família para encontrar o caminho da aproximação enquanto há tempo.
Uma vez cultivada no lar a tão esquecida educação, facilmente se expandirá e se manifestará na sociedade como um todo.
Apesar de todos os pesares, ainda aposto nisso.

Santos, 28 de julho de 2012   

7 comentários:

  1. Lígia! Parabéns! O texto ficou excelente!
    Vou lê-lo para os professores.
    Elita

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  2. Obrigada Elita.
    Foi um desabafo.
    Fico até lisonjeada sabendo que o texto será usado com seus professores.
    Um abração.

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  3. Parabéns! Ligia.
    Texto apropriado para coordenadores e seus pares.
    ADOREI E VOU COMPARTILHAR.
    Forte braço,

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  4. Obrigada pela visita e por suas palavras Roselu.
    Abraços.

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  5. Liginha estive ausente do seu blog, e acabei de ler este texto que como os outros esta excelente.
    So que este deve ir para todos os lares e escolas do nosso Brasil. E ser traduzido em outras linguas e divulgado tambem em outros paises. Sensacional, minha amiga, assino embaixo tudo o que voce disse. Um grande beijo.

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  6. Puxa, obrigada por suas palavras Malu.
    Realmente a situação é preocupante.
    Aliada à morte da educação e do respeito, estão os filmes/games de violência tão ao gosto das crianças e jovens de hoje, como comentamos recentemente no orkut.
    Beijos e obrigada pela visita e comentário.

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  7. Texto de uma lucidez fantástica, muito bem escrito por uma professora exemplar que sabe tudo sobre manejo de sala de aula e os problemas enfrentados no ensino-aprendizagem na escola pública.
    Sim, Lígia, a educação começa na família e, se a família falhar, não é na sala de aula que se conseguirá cuidar de uma educação necessária para uma escolaridade satisfatória.
    Parabéns pelo texto e pela sensibilidade ao escrever sobre o assunto.

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