O telefone toca e uma voz amiga
solicita um favor.
A partir daí se desenvolve um fato
que me faz rir ainda hoje.
- Oi, você pode vir em casa matar
uma barata para mim?
- Posso ir sim, mas não moramos tão
perto assim e até eu chegar à sua casa, a barata já fugiu.
- Não foge não. Ela está presa num
parafuso da parede.
- COMO ASSIM???
- Ela está presa no parafuso que
segura a prateleira colocada antes de eu mudar para cá.
- Nossa! Isso já faz meses!
- Pois é, ela está presa nesse
parafuso há uns 5 meses.
- Mas então ela está morta!
- Não, não está. Parece que às vezes as anteninhas dela se
mexem.
Diante dessa afirmativa municiei-me
de toda a coragem que tenho (que nesta situação específica, é diretamente
proporcional ao meu tamanho) e me dirigi ao campo de batalha para ver o que
realmente estava ocorrendo.
Ela prontamente me mostrou o local
do calvário da bichinha.
Ao chegar mais perto não contive a
risada.
A tal barata heroica que
sobrevivera meses com abdome perfurado, na verdade era um pedaço de reboco da
parede que havia soltado quando um parafuso fora lá colocado. A única coisa que poderia lembrar uma barata
era o formato da cabeça, mas só e apenas isso.
Expliquei-lhe rindo do que se
tratava, mas diante de minha reação ela colocou os óculos e chegando mais perto
reafirmou que era sim o bichinho pois tinha até duas antenas.
Aproximei-me novamente para ver as
tais antenas e aí sim, ri tanto que cheguei às lágrimas.
A pessoa que fixou a prateleira fez
um risco a lápis na parede para marcar a altura a ser colocada. Acontece que a madeira não ficou bem na
horizontal, mas sim com uns poucos milímetros fora da marca, justamente nas
laterais direita e esquerda do reboco descascado.
Portanto, o que ela chamava de
antenas, eram dois pequenos riscos horizontais feitos com grafite na parede. Com certeza, impressionada, minha amiga olhava
de longe e via até movimentos nas ditas antenas.
Tive dificuldades em explicar-lhe o
acontecido pois não conseguia parar de rir, enquanto ela, ainda preocupada
com o inseto e sem saber o motivo de minha crise de riso, já gargalhava também
contagiada por mim.
O jeito foi pegar sua mão e fazê-la
tocar no local para que constatasse que nada havia lá além de buraco e riscos
feitos a lápis.
Finalmente foi desfeita toda e qualquer
dúvida sobre a existência do obstinado inseto e o velório foi cancelado por absoluta falta de defunto.
Com o problema resolvido tomamos um gostoso cafezinho com direito a um brinde por minha imensa bravura – matar o buraco na parede!
Com o problema resolvido tomamos um gostoso cafezinho com direito a um brinde por minha imensa bravura – matar o buraco na parede!
Santos, 26 de julho de 2013
Adorei seu conto,Ligia. É uma experiência única para o leitor quando o escritor consegue, com uma linguagem que aguça a curiosidade, despertar reflexões as mais inusitadas sobre o acontecimento narrado.
ResponderExcluirObrigada pela visita ao blog e pelo comentário Terezinha.
ResponderExcluirQue bom que consegui passar essa sensação!
Fico feliz sabendo disso.
Um abração moça!
Lígia tem um monte de baratas dessas aqui em casa para vc matar..rsrsrs...Eu choro de rir com os seus contos.
ResponderExcluirAdorei!
Bjss
KKKKKK
ResponderExcluirEsse tipo de barata eu mato até de olhos fechados.....kkkk
Obrigada pelo comentário Débora.
Beijão