Ah, o tempo! Sempre cronometrando
nossas vidas.
Interessante como o conceito de tempo
muda à medida que os anos se acumulam em nossa estrada. Conforme a etapa de nossas vidas o consideramos
lento ou rápido demais.
Na infância pouco nos importamos
com ele. Na verdade até o ignoramos. Vivemos
cada dia a seu tempo, sem preocupações com futuros ou com passados. O que nos interessa é o hoje, o presente, no
qual depositamos nossas esperanças, satisfações, tristezas.
A entrada na adolescência e
juventude que a segue provocam uma reviravolta em todos os sentidos. Buscamos
algo que nem sabemos exatamente o que seja, mas o queremos com toda firmeza.
Nesse período tão conturbado física e psicologicamente, temos a impressão que o
tempo se arrasta vagarosamente, dia após dia, semana após semana. Do alto (ao menos é assim que nos sentimos)
dos 15 anos, queremos que ele passe depressa pois temos urgência de vida.
Nossos olhos já não focam somente o
hoje, mas estão voltados principalmente para o futuro e aí é que o tempo parece
querer frear nossos anseios. Buscamos a maioridade, um diploma, a carteira de
motorista, enfim, queremos desempenhar efetivamente o que já nos consideramos capazes
de realizar. Os sonhos se sobrepõem à
realidade. Buscamos a independência e desejamos erguer nossas bandeiras para
conquistarmos o mundo, convictos de que conseguiremos.
Já adultos e inseridos no mercado
de trabalho, nossa visão se estreita. O ritmo acelerado dos dias nos consome. Nosso
mundo se reduz. Os sonhos são encaixotados na alma à espera que nos sobre
tempo um dia. Já não desejamos mais que ele voe; nossa pressa deixa de existir
e em contrapartida, o tempo é que parece se apressar cada vez mais.
Mal conseguimos executar as
atividades cotidianas, rotineiras, ligadas às obrigações profissionais e
pessoais. Reservar algumas horas para um
lazer com família ou amigos nem sempre é possível. Às vezes chega-se a
considerar lazer como desperdício de tempo tal a ânsia em acompanhar os
ponteiros do relógio. Torna-se necessário organizar bem cada hora do dia para
que tudo saia a contento e mesmo assim muitas vezes falhamos.
Aquele tempo que antes se arrastava
agora nos atropela. Sua avidez nos suga
e às vezes até nos cega.
Ocupados nas tarefas do dia a dia não
nos damos conta dos anos que vão se acumulando em nossas vidas, até que chega a
tão sonhada e também temida, aposentadoria.
Nesta etapa surge a preocupação
contrária vivida anteriormente – o medo do excesso de tempo que agora nos
parecerá sem pressa alguma.
Pois é justamente nessa fase que
podemos observar que ele, o tempo, sempre caminha na mesma velocidade. Nunca retarda
ou acelera seus passos.
Nós sim que desequilibramos o
tempo, aceleramos nossas vidas e muitas vezes esquecemo-nos do essencial, que é
vivê-las.
A vida não é eterna!
Lembro-me agora do diálogo entre
Alice e o Coelho*:
Alice: Quanto
tempo dura o eterno?
Coelho: Às vezes
apenas um segundo.
Santos, 09 de junho de 2013
Santos, 09 de junho de 2013
*Alice no País das Maravilhas – Lewis Carroll
É verdade!!!!!!!!!
ResponderExcluirPoxa Ligia voce conseguiu passar para o papel exatamente como me senti quando me aposentei ,foi uma sensação estranha ,eu não sabia lidar com o tempo que tinha agora todo á minha disposição.Hoje depois de tres anos aprendi a usa-lo bem,eu faço o meu tempo e consequi me equilibrar novamente,fiquei perdida por um tempo.Vc tem esse dom maravilhoso da escrita dado á voce pela natureza,tão grandiosa,e que sempre toca meu coração.
ResponderExcluirObrigada Paula.
ResponderExcluirEscrevi lembrando-me dos primeiros tempos como aposentada.
De repente, eu tinha praticamente 24 horas para "gastar" no que desejasse. Nós não nos preparamos emocionalmente para isso. Com o tempo, acabamos nos equilibrando mesmo.
Obrigada por suas palavras e pela visita.
É por aí mesmo amiga, a gente fica como um peixe fora da água. Mas eu vou aprender com o próprio tempo. Bjos.
ResponderExcluirNossa Lígia, magnífico! Parabéns!
ResponderExcluirAtualmente sigo a famosa frase de Mario Lago:
ResponderExcluir"Fiz um acordo com o tempo... Nem ele me persegue, nem eu fujo dele... Qualquer dia a gente se encontra".
Obrigada pelas visitas e comentários, Vasni e Patrícia.
Parabéns Lígia ,um ótimo texto que relata a realidade de muitos nos dias de hoje.O tempo urge
ResponderExcluirÉ verdade Nilton, o tempo não para e se nós pararmos, com certeza perderemos momentos importantes na vida. O tempo é agora!
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