sábado, 22 de junho de 2013

NOVA ESPÉCIE DE PEIXE


Pesquisando em sites de livrarias deparei-me com o título “Odeio Reuniões”.
De imediato ouvi-me dizendo – eu também!
Na vida profissional participei de muitas delas. Posso afirmar com certeza que somente em torno de 25% foram bem proveitosas e úteis.  Uma boa parcela foi pura perda de tempo, ou como se costuma dizer, foi como “chover no molhado”.
Recordo-me que sempre havia alguém que se destacava por fazer apartes totalmente desnecessários e fora de contexto.  A pessoa falava, falava, interrompia a sequência da reunião, fugia da pauta e nada se aproveitava.
Quando ocorriam tais situações, um pequeno grupo de colegas que geralmente sentava-se no fundão da sala, brincava entre si identificando tal pessoa com o apelido de ignorante desinibido.  Isto porque ela não se dava conta dos despropósitos que falava e ainda ficava “se achando”, como diz a moçada de hoje.
Foi justamente um destes ignorantes desinibidos o causador de um constrangimento que este grupo do fundão, passou durante uma reunião de diretores.
A pauta desenvolvida tratava sobre a necessidade de melhoria na merenda escolar. 
Várias sugestões foram dadas até que alguém resolveu fazer um verdadeiro discurso sobre os benefícios da carne de peixe, propondo que ela constasse do cardápio diário das escolas. Para viabilizar isso, sugeriu que fossem criados peixes num famoso lago da cidade, sabidamente muito poluído por esgotos clandestinos. 
Enquanto o desinibido defendia sua proposta com toda ênfase, um diretor que fazia parte do grupo do fundão da sala resolveu apoiar essa ideia.   Falando em tom baixo para que somente quem estivesse bem próximo o ouvisse, comentou que já havia muitos peixes vivendo no tal lago.
Diante da surpresa dos colegas, forneceu-lhes mais detalhes.
Aproximou as mãos abertas uma da outra e deixando entre ambas um espaço de uns 15 cm, explicou que esse era o tamanho médio dos peixes e que os mesmos tinham escamas na cor marrom.
Quando lhe perguntaram qual era o nome do peixe, ele esclareceu que se tratava de uma espécie de origem japonesa cujo nome era Torossô.
A gargalhada foi inevitável e a reunião imediatamente interrompida.
Todos os olhares foram dirigidos ao fundão da sala.
O dirigente que presidia a reunião quis saber o motivo de tanta alegria, mas obviamente não obteve resposta.  Ninguém quis se atrever a falar o nome do peixe que já povoava o lago.
Sobrou-lhes então uma chamada de atenção que só não foi mais severa porque tal dirigente sabia que esse grupo era formado por pessoas que apesar de brincalhonas, eram realmente comprometidas com a profissão e muito competentes.
Depois dessa interrupção, o assunto da pescaria no lago foi abortado por motivos óbvios e os tais peixes japoneses ficaram a salvo dos perigosos anzóis. 
Creio que até hoje vivam felizes nadando naquele lugar que ironicamente se chama Lago Azul.


Santos, 16 de junho de 2013

Uma homenagem aos diretores do fundão que alegravam nossas reuniões e em especial ao Kasuo.

4 comentários:

  1. Vou comentar vom Kazuo qdo o encontrar no supermercado eu tbrm participei da turma do fundos mas foi bem depois de vc beijs

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  2. Vou comentar vom Kazuo qdo o encontrar no supermercado eu tbrm participei da turma do fundos mas foi bem depois de vc beijs

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  3. Pois é Arlete.
    Essa turma do fundão fazia piada de tudo, mas trabalhava muito bem!!!
    Não esqueço da gargalhada do João Negrão. Gente boa, época muito feliz!
    Obrigada pelo comentário e um abração moça!

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  4. Gostei muito do texto. Como sempre você é brilhante! Fiz o magistério com o João Negrão, é o mesmo do "Ribeiro"? Ligia, não esqueço a nossa infância em Rio Claro. Você sempre a melhor amiga, meio irmã. A primeira amiga! Beijos.

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