quinta-feira, 24 de maio de 2012

UM MONSTRO NO BANHEIRO



Com certeza todos nós carregamos vida afora, um pouco da criança que fomos. 
Alguns talvez sufoquem esse lado infantil, subjugados que são pela roda viva da seriedade e responsabilidade tão presentes na vida adulta.
Em contrapartida, há quem permita que essa criança reapareça vez ou outra quando uma oportunidade se faz presente, provocando momentos descontraídos que aliviam o clima em ambientes exageradamente circunspectos e pesados.  É a alegria abrindo espaço nas mentes e nas faces das pessoas.
Com ela não foi diferente. A responsabilidade sempre norteou sua vida, mas o bom humor nunca deixou de acompanhá-la em seus diferentes ambientes de trabalho.
Foi justamente por causa desse lado criança, ou diria até por culpa dele, que numa saída no horário de almoço em pleno período pré-carnavalesco, ela observou expostas numa loja, várias máscaras emborrachadas exibindo caras de monstros.  No momento em que as viu uma ideia já povoou sua mente e sem pensar duas vezes, escolheu uma das mais assustadoras.
Retornou ao trabalho feliz da vida com sua mais nova aquisição e já fazendo planos sobre o que faria com ela.  Antes porém de dar atenção aos papéis sobre a mesa, entrou no banheiro para olhar-se no espelho com a máscara sobre o rosto.  
Ria sozinha daquela imagem horrível quando ouviu passos rápidos no corredor.
Pelo horário e pela maneira de andar, não teve a menor dúvida que seria uma colega de trabalho da qual era também muito amiga.
Como o barulho aproximava-se justamente do banheiro, manteve a máscara na cabeça e rapidamente posicionou-se atrás da porta que estava entreaberta.
Assim que os passos denunciaram a entrada no local, saiu de seu esconderijo pronunciando um gozador BUUUUU e colocou-se à frente de sua amiga, ou melhor, à frente de quem ela pensava ser a sua amiga. 
          Gritaria ampla, geral e irrestrita!
Deu "zebra" !!!
Quem entrara no banheiro era justamente uma pessoa com a qual não tinha nenhuma liberdade, até porque essa colega de trabalho possuía um temperamento difícil e não era nada chegada a brincadeiras.
Rapidamente retirou a máscara já pedindo desculpas enquanto a recém-chegada ainda gritava. 
Na sequência, o pseudomonstro foi obrigado a ouvir quietinho um minidiscurso com palavras de censura sobre o ato, pois apesar de ter feito propositalmente um BUUU bem singelo para um monstro que se preze, não deixou de provocar um belo susto na colega.
Enquanto rolava o “sermão do banheiro”, ela se viu obrigada a vestir novamente a máscara para poder disfarçar a imensa vontade de rir.
Havia concluído que de certa forma aquele susto servira como uma pequena revanche,  já que essa pessoa avessa às brincadeiras acumulara muita antipatia junto aos demais colegas por causa de seu temperamento forte e sempre cáustico.
A despeito do sermão, a máscara foi guardada e voltou a ser usada em várias outras ocasiões sempre descontraindo o ambiente e provocando gargalhadas.

Santos, 23 de maio de 2012  

5 comentários:

  1. Parabéns. Essa foto gerou um conto muito bem escrito e com um "grand finale".

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  2. Se fosse eu acertava as contas com esta chata em outra oportunidade kkkkk

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  3. Eu também ri muito, mas só depois que fiquei sozinha pois tive que me segurar enqto ouvia o sermão....rsss Obrigada pela visita.

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  4. Consigo até imaginar sua cara, na hora do sermão kkkkkkkkkk

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