Com certeza todos nós carregamos vida
afora, um pouco da criança que fomos.
Alguns talvez sufoquem esse lado
infantil, subjugados que são pela roda viva da seriedade e responsabilidade tão
presentes na vida adulta.
Em contrapartida, há quem permita
que essa criança reapareça vez ou outra quando uma oportunidade se faz
presente, provocando momentos descontraídos que aliviam o clima em ambientes exageradamente
circunspectos e pesados. É a alegria
abrindo espaço nas mentes e nas faces das pessoas.
Com ela não foi diferente. A responsabilidade
sempre norteou sua vida, mas o bom humor nunca deixou de acompanhá-la em seus diferentes
ambientes de trabalho.
Foi justamente por causa desse
lado criança, ou diria até por culpa dele, que numa saída no horário de almoço
em pleno período pré-carnavalesco, ela observou expostas numa loja, várias
máscaras emborrachadas exibindo caras de monstros. No momento em que as viu uma ideia já povoou
sua mente e sem pensar duas vezes, escolheu uma das mais assustadoras.
Retornou ao trabalho feliz da vida
com sua mais nova aquisição e já fazendo planos sobre o que faria com ela. Antes porém de dar atenção aos papéis sobre a mesa,
entrou no banheiro para olhar-se no espelho com a máscara sobre o rosto.
Ria sozinha daquela imagem
horrível quando ouviu passos rápidos no corredor.
Pelo horário e pela maneira de
andar, não teve a menor dúvida que seria uma colega de trabalho da qual era
também muito amiga.
Como o barulho aproximava-se
justamente do banheiro, manteve a máscara na cabeça e rapidamente posicionou-se
atrás da porta que estava entreaberta.
Assim que os passos denunciaram a
entrada no local, saiu de seu esconderijo pronunciando um gozador BUUUUU e colocou-se à frente de sua
amiga, ou melhor, à frente de quem ela pensava ser a sua amiga.
Gritaria ampla, geral e irrestrita!
Gritaria ampla, geral e irrestrita!
Deu "zebra" !!!
Quem entrara no banheiro era
justamente uma pessoa com a qual não tinha nenhuma liberdade, até porque essa
colega de trabalho possuía um temperamento difícil e não era nada chegada a
brincadeiras.
Rapidamente retirou a máscara já
pedindo desculpas enquanto a recém-chegada ainda gritava.
Na sequência, o pseudomonstro foi
obrigado a ouvir quietinho um minidiscurso com palavras de censura sobre o ato,
pois apesar de ter feito propositalmente um BUUU bem singelo para um monstro que se preze, não deixou de
provocar um belo susto na colega.
Enquanto rolava o “sermão do banheiro”, ela se viu
obrigada a vestir novamente a máscara para poder disfarçar a imensa vontade de
rir.
Havia concluído que de certa forma
aquele susto servira como uma pequena revanche, já que essa pessoa avessa às
brincadeiras acumulara muita antipatia junto aos demais colegas por causa de seu
temperamento forte e sempre cáustico.
A despeito do sermão, a máscara
foi guardada e voltou a ser usada em várias outras ocasiões sempre
descontraindo o ambiente e provocando gargalhadas.
Santos, 23 de maio de 2012
Parabéns. Essa foto gerou um conto muito bem escrito e com um "grand finale".
ResponderExcluirSe fosse eu acertava as contas com esta chata em outra oportunidade kkkkk
ResponderExcluirRi muito imaginando a cena.
ResponderExcluirEu também ri muito, mas só depois que fiquei sozinha pois tive que me segurar enqto ouvia o sermão....rsss Obrigada pela visita.
ResponderExcluirConsigo até imaginar sua cara, na hora do sermão kkkkkkkkkk
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