Desde criança os dias que antecediam
a comemoração do Dia das Mães me deixavam muito emotiva.
Na escola sempre era solicitada nesse
período, principalmente no curso ginasial (atual Ensino Fundamental), uma
redação sobre as Mães.
Apesar de gostar de escrever
encontrava dificuldade nesse trabalho pois me parecia que nunca conseguia
escrever plenamente meus sentimentos.
Isso provocava uma sensação estranha de culpa, de eterno débito em
relação a ela.
Certa vez ainda na 1ª série
ginasial houve um fato que nunca esqueci.
Atendendo solicitação da professora de Língua
Portuguesa, fiz uma descrição física de minha mãe e procurei ser mais fiel
possível para mostrar o quanto ela era bonita e com efeito, era mesmo! Caprichei na letra e fiz até uns desenhos
como moldura aos meus escritos, afinal minha mãe leria e assinaria
posteriormente esse trabalho.
Uma colega de classe chamada Nanci
(até hoje não esqueço seu rosto) que não havia feito sua tarefa, pediu meu texto
emprestado antes da entrega para a professora, a fim de ter uma ideia e poder
fazer o seu próprio.
Eu havia usado a palavra tez ao
comentar o rosto muito claro de minha mãe, enfeitado por belos olhos verdes. A colega perguntou-me o que significava o termo,
tez. Expliquei-lhe rapidamente para não ser observada pela professora e ainda
levar uma bronca.
Bem próximo ao final da aula recebi
minha redação de volta mas com uma enorme rasura justamente na palavra tez que
estava riscada várias vezes e sobre ela anotada com uma letra muito tremida, a
palavra pele.
Nanci havia entendido que não
existia esse termo e resolveu corrigir meu texto.
Não havia tempo para refazer o trabalho
e entreguei-o assim mesmo com imensa, mal feita e desnecessária rasura. Fiquei indignada pois considerei que era até
uma ofensa a minha mãe, entregar naquele estado justamente um trabalho que
falava dela.
Ano após ano só foi aumentando essa
sensação de incompetência em passar para o papel exatamente o que sentia sobre ela.
Busquei os motivos e deparei-me com
várias hipóteses como por exemplo timidez, vergonha de expor sentimentos e
excesso de respeito já que talvez pela educação que ela recebera ou influência
de meu pai, não era muito próxima dos filhos no sentido de gestos de carinho
como abraços e beijos.
Esse comportamento também tolhia
nossas demonstrações de afeto que ficavam guardadas na alma esperando sempre uma
oportunidade para se manifestarem.
Hoje já há vários anos sem poder
desfrutar de sua presença física, sem poder dar-lhe um abraço sequer, o
sentimento que me envolve nesse período continua o mesmo mas muito ampliado
agora pela dor da saudade.
Esteja onde estiver Mã ou Vó Daisy como carinhosamente a chamava, saiba que continuo a lhe
amar muito.
Hoje o texto saiu!
Tenha um Feliz Dia das Mães!
Santos, 12 de maio de 2012 - VÉSPERA DO DIA DAS MÃES
Eis minha mãe em três momentos:
Muito lindo,embora muito triste.
ResponderExcluirVera
Terno. Uma homenagem maravilhosa...e muito bem humorada para uma mãe querida.
ResponderExcluirLigia Maria
ResponderExcluirComo sempre,uma delicia te ler
Cy Montels
Saudade de mãe é coisa que não tem jeito, chega quando menos imaginamos: um cheiro, uma melodia,uma imagem, uma palavra...uma redação, e eis que o cordão do tempo, nos convida ao retorno da infância.
ResponderExcluirBelo e saudoso conto.
Adorei a sua homenagem, hoje tambem ja nao defruto da presença fisica da minha mae e essa data e em especial quando a saudade mais invade meu coraçao. bjos
ResponderExcluirMuito linda a homenagem asiim como sua mae, Liginha. Voce e genial! Parabens. Beijinhos.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMuito linda a homenagem que fez a sua mãe,ela também é muito linda!Eu não tenho mais minha mãe e nesse dia dia a saudade vem mais forte ainda!Voce escreve muito bem,parabéns,beijos
ResponderExcluirLinda homenagem Ligia
ResponderExcluirPara uma linda mulher
Lindo, lindo e lindo! Cada linha , cada parágrafo, tudo tão perfeito!
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