sábado, 30 de julho de 2011

O GOLPE BAIXO

O movimento era grande na agência bancária e ele ainda tinha outros afazeres a cumprir naquela tarde.
Com um olho no relógio e outro na fila que se arrastava a sua frente, começou a calcular o tempo que ainda restava para chegar ao escritório de seu cliente. Foi com satisfação que viu sua vez chegar e ser atendido prontamente pelo caixa. Transação efetuada, documentos ainda em mãos, saiu atabalhoadamente do banco.
Caminhava pela calçada ainda guardando seus papéis enquanto mantinha a pasta executiva aberta apoiada contra seu peito e amparada na palma da mão.  Isto prejudicava sua visão para baixo e próxima de si.
Pela mesma calçada porem em sentido contrário, vinha uma anãzinha em passos acelerados e com os olhos voltados para o relógio pois se dirigia ao banco que estava prestes a ser fechado.
Numa mesma rota de direção e sentidos inversos, a colisão entre ambos foi inevitável.
Com o baque violento de seu corpo com as pernas do homem, a anã para não cair, agarrou-se firmemente a elas dando-lhes um forte abraço e assim permanecendo por um tempo.
O homem que até então não enxergava o que acontecia, sentiu aquele travamento nas pernas e isto lhe tirou o equilíbrio.
Para desvencilhar-se do que o retinha, tentou dar chutes no ar o que o levou a perder mais ainda o pouco equilíbrio que lhe restava.
Em segundos os dois corpos agarrados desabaram no chão: pasta executiva e papéis para um lado e o homem com a mulher ainda agarrada em suas pernas, para outro lado.
Instantaneamente formou-se um círculo de curiosos transeuntes que com olhares atônitos pensaram que agora além da chamada “saidinha de banco”, outra estratégia de roubo começara a ser usada: o golpe baixo.

Campinas, 27 de julho de 2011

História vivenciada por um amigo há muitos anos. 

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