quarta-feira, 8 de junho de 2011

CRIANÇA ADORMECIDA




            Nada transmite mais pureza do que a face de uma criança adormecida.
O semblante tranquilo, inocente, irradia uma calma que contamina o ambiente.
Como se percebesse que está sendo observada, a criança move os lábios suavemente e um sorriso ilumina seu rosto.
Com o que sonhará neste momento este ser tão pequenino?
Sonhará com as brincadeiras do dia? Com algum passeio realizado?
Serão sonhos coloridos de um futuro não muito distante?
Quem dera essa inocência toda assim permanecesse ao longo dos anos!
Quem dera o mundo não pintasse nessa face, expressões da ironia, da desconfiança, do egoísmo, tão comuns aos adultos.
O brilho colorido da infância dificilmente mantém seus tons firmes à medida que os anos avançam. A pureza que habita o mundo infantil não resiste às influências que recebe.
Um som se ouve ao longe. É a voz da mãe chamando pela criança.
Os olhos infantis se abrem devagar querendo ainda prolongar o seu sonhar.  O sorriso permanece nos lábios semiabertos.
Lentamente se levanta e vai ao encontro da mãe que a aguarda.
Desfaz-se o encanto do momento.
No leito revolvido e ainda quente de seu corpo, jazem as esperanças de uma noite de sonhos.
A criança acorda para a vida!

Rio Claro, setembro de 1968 

2 comentários:

  1. Que coisa mais linda, Lígia! Seu texto é tão delicado e puro como o sono desta doce criança.

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  2. Este é um dos poucos textos que restaram de meu tempo de estudante. Foi uma redação feita em aula. Lembro que o prof. Luiz de Português, leu para as três classes do curso de Magistério. Vendo a foto de Luíza, lembrei-me dele na hora!

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