domingo, 15 de abril de 2012

"QUEM PARTE LEVA SAUDADES, QUEM FICA SAUDADES TEM"

Partidas, chegadas, despedidas e reencontros.
Estes são momentos nos quais a emoção descarrega toda sua intensidade. As lágrimas fazem desenhos nas faces emoldurando sorrisos ou desencadeando prantos. 
Toda carga emocional geralmente bem controlada, simplesmente transborda e extravasa em situações que anunciam rupturas ou reencontros.
Esse sentimento de bem querer entre as pessoas é algo que vai além, algo que extrapola o grau de parentesco.  São laços que se formam e se estreitam com o passar do tempo graças à sintonia de pensamentos, de desejos, de expectativas, de maneiras de enxergar a vida. 
           Independente da presença física e do tempo de afastamento, esses laços se mantém firmes e apertados mesmo que as almas manifestem a "vontade de estar perto, se longe ou de estar mais perto, se perto".*
Partidas e Chegadas é um programa de TV que foca exatamente o comportamento das pessoas diante dessas situações. 
Assistindo algumas vezes nota-se que qualquer que seja a situação social, o sexo, a raça e a crença, os sentimentos que aproximam as pessoas são muito intensos e as levam do pranto ao riso e do riso ao pranto em segundos.
A ansiedade vivida por aqueles que aguardam um reencontro é extremamente contagiante. Eles mal conseguem responder às perguntas da entrevistadora. No instante em que a pessoa aguardada aparece, há festa na tela e também no coração do telespectador que silente ficou na torcida aguardando os abraços que de tão apertados mais parecem laços.
Na situação inversa quando é a despedida que se faz presente, a tristeza estampada claramente nas faces mostradas pelo programa se estende além do vídeo e atinge aquele desconhecido que acaba compactuando com a angústia alheia. A ruptura lhe dói como se fizesse parte daquela situação.
Nestes tempos modernos diante de uma sociedade tão materialista, egoísta e que não se preocupa mais com o próximo, constatar que entre as pessoas ainda há espaços para sentimentos puros desprovidos de quaisquer segundas ou terceiras intenções, nos passa uma sensação de esperança, de alívio e de crença de que a essência da alma humana ainda não foi corrompida.

Santos, 15 de abril de 2012  

*Monólogo de Orfeu – Vinícius de Moraes

5 comentários:

  1. Ligia, incrivel, amei o texto, lindo de viver...nossa tão próximo de tudo que eu vivi neste mês ai no Brasil...simplesmente perfeito.

    Bjsss mil

    Débora Vasconcelos

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  2. Liginha, muito lindo! Eu choro mais na alegria e abraços das chegadas! Acho que e a vontade de ver meus filhos chegando de volta pro Brasil!... "A saudade mata a gente, morena, a saudade dói demais!"

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  3. O comentário acima e meu! SONIA Ramalho

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  4. Saudade realmente dói, machuca, mas é "melhor que caminhar vazio"!

    Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.
    Clarice Lispector

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