quarta-feira, 12 de outubro de 2011

CADÊ TEREZA?

Pessoa alegre, simpática e sempre de bom humor. Cumprimentava a todos com um sorriso no rosto. Nunca a vi de semblante fechado.  Essa era Tereza.
Trabalhamos juntas por um período e seu bom astral contagiava o ambiente. Com certeza ela nunca se deu conta disso; ficava concentrada em seu trabalho, preocupada em terminar o dia com as tarefas todas cumpridas e bem cumpridas.
Às vezes um espírito brincalhão passeava em minha mente e isso ajudava na descontração do ambiente quando estava ”carregado” como se costuma dizer. Nesses momentos confesso que Tereza sempre entrava de protagonista mesmo sem saber disso. Com seu bom humor levava tudo na esportiva e dávamos gostosas gargalhadas no final da história. 
Das muitas brincadeiras lembro-me particularmente de duas. 
Tereza era uma das primeiras funcionárias a entrar em serviço, pegava seu material e arregaçando as mangas já começava suas tarefas diárias. 
Numa certa manhã também cheguei cedinho, bem antes de meu horário, com a finalidade de adiantar o serviço antes que o expediente fosse aberto ao público.
Passando por um corredor escutei o barulho do aspirador de pó sendo usado na sala do diretor da repartição. Notei que o fio do aparelho estava ligado numa tomada que ficava justamente nesse corredor.  Olhei com cuidado para o interior da sala e vi Tereza de costas para a porta enquanto manuseava o aspirador. 
Ela caprichava mais ainda nessa sala e sabia que teria pouco tempo para completar o serviço antes da chegada do chefe.
Silenciosamente me aproximei da tomada e retirei o plug desligando o aspirador. Enquanto ouvia a exclamação de espanto de Tereza fui rapidamente para minha sala de tal forma que ela não soubesse que eu já estava por ali.
Preocupada com o funcionamento do aparelho, começou a mexer no botão de liga e desliga acreditando ser mau contato.  Depois de algumas tentativas vãs, Tereza já aflita começou a invocar a ajuda de vários santos protetores. Nesse momento conclui ser de bom alvitre terminar a brincadeira antes que eu me indispusesse com as divindades clamadas. Entrei na sala segurando o fio nas mãos e já questionando se não era melhor ligar na tomada para que o aparelho funcionasse a contento. Claro que ouvi um sonoro palavrão mas logo seguido de uma gostosa gargalhada.
Outra feita, os préstimos de Tereza foram solicitados durante uma importante reunião que o diretor fazia em sua sala a portas fechadas. No horário combinado deveria levar o café a ser servido para as visitas. 
Arrumou cuidadosamente na bandeja própria, as xícaras, o café, colheres, adoçante, tudo com o maior capricho e esmero.  Ao chegar à antessala do chefe, lembrou-se que não havia trazido o açucareiro.  Apoiou então a bandeja sobre a mesinha de centro dessa antessala e voltou correndo até a cozinha em busca do açúcar.
Quis o destino que eu passasse exatamente nessa hora pelo local e vendo a bandeja solitária, resolvi levá-la para minha sala e guardá-la dentro de um armário. Sabia que a única pessoa que poderia tê-la deixado ali seria Tereza. Feito isso, sentei-me diante do computador e retomei minha atividade fazendo a maior cara de paisagem.
Tereza voltou rapidamente e ficou pasma ao não encontrar mais a bandeja onde a havia deixado.  Afobada, concluiu que o diretor havia aberto a porta de sua sala, recolhido a bandeja e fechado novamente a porta.
Dirigiu-se então até minha sala e nervosa pediu orientação sobre o que fazer, já que o açucareiro ficara de fora.  Disse-lhe para ficar calma e bater na porta avisando que estava levando o açúcar.  Tímida e preocupada ficou com medo de fazer isso e levar uma bronca por não ter organizado a bandeja de forma completa.  Além do mais era uma reunião muito importante e não teria coragem de interrompê-la por causa de uma falha sua.
Após alguns segundos de apreensão não consegui mais manter a serenidade e minha expressão levantou a desconfiança em Tereza que arregalando os olhos já me cobrou:
- Você tem alguma coisa a ver com isso?
Rindo muito levantei, abri o armário e mostrei a bandeja devidamente escondida.   Espantada e ao mesmo tempo aliviada Tereza se conteve, mas tive a exata sensação de que em pensamentos só não me chamou de Nossa Senhora. Não sabia se agradecia ou se rogava alguma praga, mas acabou soltando aquela gargalhada tão gostosa de ouvir.
Recuperada do susto e agora com a bandeja completa, foi servir o café que àquelas alturas já estava mais do que atrasado.
Hoje deu saudades de Tereza e de sua risada gostosa.
Parafraseando Jorge Ben Jor....
Cadê Tereza?...Onde anda minha Tereza?

Santos, 02 de outubro de 2011

Deixo aqui um recadinho e um abraço a todos:









Um comentário:

  1. Ligia, imagino que Tereza deve estar fazendo outras pessoas sorrirem. A alegria nos deixa muito, muito, muito mais feliz. Obrigada por citar meu blog. beijos, Clô

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