sexta-feira, 13 de março de 2015

ERA UMA VEZ UMA SOMBRINHA








Uma pequena sombrinha esquecida do lado de fora do apartamento, se escafedeu durante a noite. É estranho dizer isso, mas era uma sombrinha de estimação!
Na verdade ela foi levada inadvertidamente por um funcionário que recolhia o lixo reciclável. Apesar de ainda estar em perfeito estado,  ela foi confundida com lixo e teve seu fim antecipado. 
DESAPEGA! 
Foi a divertida expressão que ouvi ao lamentar o ocorrido.
De imediato esta palavra remete a uma propaganda que circulou recentemente na TV, onde objetos já fora de uso são vendidos para desocuparem espaço.
Ao longo dos anos, por necessidade ou puro apego, vamos guardando coisas que acabam incorporadas ao nosso cotidiano.  Isso pode ser prazeroso, mas também pode causar certos transtornos se tais materiais já não são mais necessários.
Esta ação, desapegar, para mim em especial é uma ação que executo com certa dificuldade, mesmo em se tratando apenas de objetos materiais.
Isto acontece porque geralmente eles vêm acompanhados de lembranças que contam muitas histórias e particularmente sou "chegadinha" em histórias.
Agora mesmo estou diante de alguns móveis, ainda muito úteis e bons, que me transportam diretamente à infância contando divertidas cenas  que os envolveram.
Nos tempos atuais pela própria falta de espaço, não há como manter coisas que já não nos interessam.  A praticidade da vida moderna não permite isso.
Em uma das mudanças de residência, ante o desafio de sair de uma casa com muitas dependências para um pequeno apartamento, pude constatar que temos grande capacidade de adaptação que nos permite viver bem, com poucas coisas.
A felicidade, o sentir-se bem, não se encontram nas coisas que nos cercam, mas sim, em nosso próprio interior.
Apegos e desapegos se sucedem em nossa vida e assim, embora de maneira não prevista, tive que me desapegar daquele pequeno objeto, mas com certeza suas histórias permanecerão.
E foi assim que uma simples sombrinha, que mesmo não sendo Policarpo Quaresma, teve também seu triste fim.



Santos, 13 de março de 2015

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