Uma
pequena sombrinha esquecida do lado de fora do apartamento, se escafedeu
durante a noite. É estranho dizer isso, mas era uma sombrinha de estimação!
Na
verdade ela foi levada inadvertidamente por um funcionário que recolhia o lixo
reciclável. Apesar de ainda estar em perfeito estado, ela foi confundida com lixo e teve seu fim
antecipado.
DESAPEGA!
Foi
a divertida expressão que ouvi ao lamentar o ocorrido.
De
imediato esta palavra remete a uma propaganda que circulou recentemente na TV,
onde objetos já fora de uso são vendidos para desocuparem espaço.
Ao
longo dos anos, por necessidade ou puro apego, vamos guardando coisas que
acabam incorporadas ao nosso cotidiano.
Isso pode ser prazeroso, mas também pode causar certos transtornos se
tais materiais já não são mais necessários.
Esta
ação, desapegar, para mim em especial é uma ação que executo com certa
dificuldade, mesmo em se tratando apenas de objetos materiais.
Isto
acontece porque geralmente eles vêm acompanhados de lembranças que contam
muitas histórias e particularmente sou "chegadinha" em histórias.
Agora
mesmo estou diante de alguns móveis, ainda muito úteis e bons, que me
transportam diretamente à infância contando divertidas cenas que os envolveram.
Nos
tempos atuais pela própria falta de espaço, não há como manter coisas que já
não nos interessam. A praticidade da
vida moderna não permite isso.
Em
uma das mudanças de residência, ante o desafio de sair de uma casa com muitas
dependências para um pequeno apartamento, pude constatar que temos grande
capacidade de adaptação que nos permite viver bem, com poucas coisas.
A
felicidade, o sentir-se bem, não se encontram nas coisas que nos cercam, mas
sim, em nosso próprio interior.
Apegos
e desapegos se sucedem em nossa vida e assim, embora de maneira não prevista,
tive que me desapegar daquele pequeno objeto, mas com certeza suas histórias
permanecerão.
E
foi assim que uma simples sombrinha, que mesmo não sendo Policarpo Quaresma,
teve também seu triste fim.
Santos,
13 de março de 2015
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