Um
comentário feito numa rede social a respeito de uma mariposa, fez passar um
filme em minha cabeça.
Não
sou do tipo que morre de medo de insetos ou outros animais pequenos, haja vista
que sou formada em Biologia.
Porém,
não fico nem um pouco tranquila quando por perto algum inseto alado está
fazendo acrobacias aéreas, nem sempre com senso de direção.
Basta
pensar no voo de uma barata para me arrepiar e me encolher toda. Ela correndo
no chão é uma situação, agora, ela voando como doida, aí é gritaria na certa.
Aliás
já me disseram que eu não mato as baratas, mas que na verdade elas morrem sozinhas de enfarte fulminante tamanho o susto que levam com meus gritos. Eu grito e bato, grito e bato, até o final da
batalha. Talvez seja intriga da oposição, mas que elas morrem, morrem mesmo.
Em
função dos trabalhos práticos de coletas de mosquinhas nas matas durante o
curso de pós-graduação, vivenciei experiências que já relatei em outros contos,
como a visita que recebi de um enorme gafanhoto passeando por dentro de minha
calça jeans.
No
desespero ao senti-lo subindo por minha perna e pensando que pudesse ser
escorpião ou até mesmo aranha, avisei minha amiga de coleta e ela própria
acabou tirando minhas calças em plena mata, já que eu mesma estava constrangida
em fazer isso no meio dos eucaliptos do horto florestal onde estávamos.
Por
sorte era um inofensivo gafanhoto. Pense em um gafanhoto grande, bem
grande. Já pensou? Pois bem, aquele era maior ainda. O maior que vi na vida.
O coitado mais assustado do que eu, havia enroscado suas patinhas na
costura interna da calça. Assim que se livrou, saiu num voo estabanado a toda
velocidade e sem tempo de dizer adeus, me deixando ali parada com as calças
arriadas, mas aliviada.
A
montagem do insetário (com mais de 300 exemplares) proporcionou também muitos momentos de sustos
seguidos de muitas gargalhadas, como a verdadeira luta que foi para coletar as
ditas baratas (sempre elas) intactas, sem quebrar antenas ou patinhas.
O
caso da mariposa que lembrei acima, ocorreu quando já exercia o magistério.
Era
uma noite muito quente e havia chovido na véspera.
As
luzes fluorescentes das salas de aula eram chamarizes para os insetos que
entravam pelas janelas e se debatiam nas lâmpadas. Eram na maioria besouros e mariposas
pequenas.
Até
que... Até que uma enorme mariposa de
corpo negro com muitas escamas (parecem pelos) e asas com desenhos amarelos e
pretos, entrou toda estabanada dando rasantes sobre as cabeças dos alunos.
Era
classe de adultos de um curso técnico de eletrônica, formada na sua totalidade
por homens.
Eu
estava bem no meio de uma explanação sobre velocidade, espaço e tempo, com
vários esquemas feitos na lousa. Movimentava-me de um lado para outro na frente
da classe explicando os tais esquemas.
Conforme
a mariposa se aproximava de algum aluno, ele somente dava um safanão com o
caderno e continuava a olhar para a frente, na maior calma.
Com
certeza eu era a única que estava preocupada, para não dizer apavorada, com as
acrobacias da dita cuja. Continuei a
explanação mas nem piscava, só de olho na maldita.
Até
que finalmente alguém a acertou de jeito e ela caiu no chão, no canto da sala e
bem junto à parede da lousa. E lá ela
ficou quietinha, para minha alegria.
Continuei
a caminhar de um lado para o outro concluindo as explicações e numa das
paradas, não percebi que meu pé esquerdo ficou muito próximo da mariposa. A calça comprida era preta e de tecido fino;
tinha a boca um pouco larga (era moda na época) e quase tocava o chão.
De
repente senti umas patinhas roçando em minha coxa.
Gelei.
Olhei
para o canto onde estava a tal mariposa e para meu desespero vi que ela havia
sumido. Conclui no ato que ela havia subido por dentro da calça.
Procurei
ficar impassível diante dos alunos.
Sem
parar de falar, embora minha vontade fosse gritar e sair correndo, segurei-a
por cima da calça e apertei o máximo que pude. Soltei logo em seguida e vi o
corpo dela caindo ao lado de meu pé esquerdo.
Afastei-me
rápido e respirei aliviada. Não a havia matado mas com certeza ela não voaria
tão cedo.
Controlei-me
tanto que se algum aluno percebeu o que houve, não comentou nada, nem os que
estava nas primeiras carteiras.
Assim
que terminou a aula fui voando ao banheiro. Queria lavar a roupa por dentro pois
estava enojada. O tecido preto no
avesso, brilhava com tantas escamas que haviam saído do corpo da mariposa.
Como
eu disse no início, não morro de medo de insetos, principalmente daqueles que
estão bem longe de mim!
Saudades e gostosas lembranças de um ambiente tão amigo e acolhedor que encontrei na Organização Escolar Alem/Rio Claro.
O meu maior medo, tudo que tem pena, asas, pés bem feios, bico....
ResponderExcluirpavor, atravesso a rua para fugir de uma pomba.......
Beijos.
Nossa! Imagino o medo, ao ponto de atravessar a rua! Isso deve ter origem em alguma história da infância.
ResponderExcluirDizem que para vencer o medo, devemos enfrentá-lo.
Eu prefiro não testar esta afirmação enfrentando alguma barata voadora...rsss
Obrigada pela visita Clotilde.
Beijo
Tempos bons aqueles no Alem...comigo foi pior...entrou um morcego grande durante uma das aulas e começou dar rasantes nas nossas cabeças...não pensei duas vezes...saí em disparada para o corredor enquanto os alunos se digladiavam com suas réguas, para ver que acertava o bichinho...só retornei depois de ver o Batman, esticado no chão...daí retomei minha aula e voltei a respirar...bjos amiga...amo seus contos...
ResponderExcluirNossa!! Acho que se fosse morcego, eu não me seguraria não Iara.
ResponderExcluirBita véio, como diria minha mãe. Sairia correndo antes de todos....rss
Dei risada com sua história, afinal acho que foi a primeira vez que o Batman foi colocado fora de combate...kkkk....e sem a ajuda do Pinguim...rss
Obrigada pela visita ao blog e por seus comentários.
Bjs
Vc é uma heroína, Ligia, aguentou muito bem essa mariposa por dentro da calça na sala de aula. Presenciei um acontecimento semelhante quando lecionava à noite, quando uma professora de inglês recebeu um voo rasante de uma mariposa e saiu correndo gritando e os alunos atrás, gritando tb. Foi o maior auê na escola. Nem é preciso dizer que as aulas foram para o espaço no resto daquela noite...
ResponderExcluirHeroína nada Terezinha. Eu não podia era dar vexame e demonstrar medo da mariposa já que era professora de Ciências....rss Obrigada pela visita ao blog.
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