Sua sala de trabalho era vizinha à
outra sala onde ficavam várias pessoas; as portas bem próximas eram sempre
mantidas abertas.
Sozinha e concentrada na
elaboração de um relatório, ela teve a atenção interrompida por uma colega que
lhe comunicava o fechamento da porta da sala vizinha.
A justificativa para tal fato foi
que tratariam de assuntos importantíssimos numa espécie de reunião secreta e
que nada poderia chegar a ouvidos indiscretos de terceiros.
Como ela era a única pessoa que se
encontrava nas proximidades, considerou tal explicação deselegante e até
ofensiva.
Entretanto, ao olhar para a porta
recentemente fechada, viu que a chave fora esquecida para o lado de fora. No mesmo instante uma ideia maléfica lhe veio
à mente.
Levantou-se, caminhou em direção à
porta, virou cuidadosamente a peça na fechadura e retirou-a sem fazer nenhum
ruído. Com a chave no bolso, resolveu
parar seu trabalho e dirigir-se para a cozinha que ficava numa ala bem
distante.
Para evitar algum problema sério,
comunicou o fato a uma funcionária que trabalhava na portaria, pedindo que lhe avisasse assim que a clausura
fosse descoberta pelo grupo.
Em poucos instantes todos os
demais funcionários já sabiam do fato e ansiosos aguardavam o desfecho do caso. A expectativa era grande uma vez que envolvia
a sala que recebera o apelido de olimpo dos deuses.
Alguns minutos depois, seu
cafezinho foi interrompido; a tal reunião secreta havia terminado e seus
participantes se descobriram presos.
Enquanto a maior parte dos
enclausurados encarou o fato com bom humor, alguns poucos, muito irritados,
dirigiram-se para as janelas e puseram-se a gritar por ajuda.
Uma razoável plateia se formou e a
cena hilária provocou muitos risos.
Gritos pedindo socorro ao mesmo
tempo em que se observavam apenas mãos gesticulando entre os pequenos vãos das
janelas basculantes da sala, algumas balançando lenços ou blusas para chamarem
mais a atenção.
A visão assemelhava-se a cenas de
filmes com náufragos perdidos e acenando para algum navio distante.
Sem apressar o passo, calmamente,
ela se aproximou e mostrando que a chave estava em seu poder, justificou sua
atitude como um cuidado maior que tivera, contribuindo assim para que tudo
fosse realmente o mais secreto possível.
Esclareceu que com sua atitude
precavida, ela evitou que a reunião fosse interrompida por alguém que chegasse.
Ao mesmo tempo evitou o risco de serem perturbados por alguém do próprio grupo
que decidisse sair da sala antes do final da reunião. Afinal segredo é segredo!
Claro que a justificativa não foi
bem assimilada por uns poucos, mas as risadas que a cena provocou foram
suficientes para garantirem o bom humor para o resto da semana, não só o dela
como também de todas as outras pessoas que assistiram de camarote.
Lindo texto amiga!
ResponderExcluirGostei bastante!
ResponderExcluir