segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

OCORREU HÁ VINTE E DOIS ANOS





        Foi numa segunda-feira como hoje, que há 22 anos disse adeus a Rio Claro após 52 anos lá vividos.

        Na mudança além dos móveis e todos os pertences, carregava uma alma ansiosa repleta de sonhos, de expectativas, de vontade plena de viver.

        O cantinho já reservado e pronto para me receber, foi aos poucos sendo preenchido, arrumado e decorado com o que pude trazer e o que caberia nele, afinal saí de um sobrado com muitos cômodos para um pequeno apartamento. 

        No espaço apesar de pequeno coube a felicidade que era enorme.

        Casa nova, cidade nova, comércio novo e o mais importante, novos amigos vieram se juntar aos tantos amigos que deixei em Rio Claro, mas que visito sempre juntamente com familiares que moram na querida Cidade Azul.

        A despeito dessas novas experiências jamais esqueci minha Rio Claro da infância, adolescência e maturidade. Trago-a no coração.

        A experiência de sair para uma simples caminhada pela ruas vizinhas e não encontrar alguém conhecido era um tanto assustador e ao mesmo tempo desafiador. Era eu comigo mesma a descobrir meu novo mundo.

        Relembro detalhes dos primeirdos dias após toda a acomodação da mudança.

        Na primeira tarde que saí ouvi o badalar de um sino me  informando que havia uma igreja perto.

        Depois a constatação do comércio na vizinhança, dos shoppings também próximos e sem dúvida nenhuma com deslumbramento diante do enorme e sempre bem cuidado e florido jardim da orla. 

        Quantas vezes nestes primeiros tempos fiquei horas sentada em um banco unicamente na companhia de um livro e da belíssima visão do mar, do céu e das passagens dos cruzeiros a caminho do mar aberto nos finais de tarde.

        Após uns meses de puro torpor falou mais alto a sensação de inutilidade que nos domina após a aposentadoria. Não tive dúvidas: comecei a colaborar em uma escola próxima. Por lá fiquei 10 anos e fiz belas amizades que perduram até hoje. 

        Conheci posteriormente outras pessoas e outras famílias que foram e continuam a ser muito importantes para mim. 

        A admiração por este cantinho que escolhi como meu só aumentou.

        Tive perdas sim, algumas bem dolorosas, mas a memória não me trai nunca e constantemente abre a caixinha das lembranças dos bons momentos e escorrem algumas lágrimas, mas são de puro agradecimento por ter podido vivenciar estas ocasiões tão felizes. 

        E foram muitas, é bom que eu diga!

        Nessa segunda-feira ensolarada e com o Natal já batendo à nossa porta, olho para trás e vejo que o caminho trilhado até aqui nesta bela cidade que me encantou desde a adolescência, desperta uma enorme gratidão por tudo o que vi e vivi até hoje.

        Que venham novos aprendizados, que venham novas experiências, que venham mais amizades e sobretudo, que venham mais emoções positivas.

        Muto obrigada Pai por tudo!


Santos, 15 de dezembro de 2025

Nota: Esqueci de agradecer à amiga que indicou este cantinho: Obrigada Nanci Buschinelli.



 




quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

O SUMIÇO DO PIJAMA

            



        Diz o ditado popular que "cada um é cada um". 

        Cada indíviduo é único e difere dos outros através da maneira de pensar, de agir, de ser, ou seja, do conjunto de todas suas características.

        Dentre essa gama enorme da diversidade humana os traços de personalidade, ou melhor esclarecendo, o ritmo de alguém no dia a dia, varia de célere demais ao extremamente vagaroso.

        Com certeza todos já conviveram com pessoas que se diferenciavam de nossas atitudes no quesito da agilidade ou lentidão.

        Desde muito jovem ela já manifestava uma característica marcante: possuia um ritmo diário um tanto mais veloz que seu círculo de conhecidos. Na linguagem comum era classificada de maneira jocosa como elétrica e ligada em alta voltagem.

        Com a chegada da fase adulta passou a se controlar mais, pois aprendeu que cada um tem seu ritmo próprio e o respeito a isso é questão fundamental na convivência.  

        Porém, e toda história tem o seu porém, às vezes se esquece dessas diferenciações e por exemplo em uma simples ida ao supermercado na companhia de alguém, pode literalmente disparar na frente deixando para trás quem tem maior curiosidade em conhecer cada produto exposto. 

        Aquela noite prometia ser especial e de fato foi.

        A programação consistia na ida a uma peça teatral com um pequeno grupo de pessoas.

        Com certa antecedência ela começou a se arrumar.

        Sua companhia fez o mesmo, mas com mais lentidão.

        Em pouco tempo, já pronta, ficou à espera que ele também acabasse de se vestir para se juntarem âs demais pessoas que estavam praticamente arrumadas.

        Ainda um pouco aflita o viu finalmente pronto e elegantemente vestido com seu blazer para ocasiões especiais.

        O teatro correspondeu às expectativas do grupo e curtiram bastante os momentos juntos.

        Já no retorno à casa e se preparando para deitarem, ele deu pela falta da calça de seu pijama. Ambos procuraram com calma na mala, no chão, atrás da cama, e nada.

        Nem sinal da tal peça, embora ele jurasse que a havia levado.

        Após um tempo deram-se por vencidos e desistiram da busca.

        Ato contínuo ele começou a se despir, mas ao retirar a novíssima calça jeans, eis que veio o espanto.

        Por baixo de suas calças ele vestia a peça do pijama listrado que até então havia procurado nervosamente.

        A surpresa foi seguida de uma discreta risada, talvez não tão discreta assim, dada por ela. 

        Ele havia esquecido de tirar o pijama que vestira após o banho e colocara a calça jeans por cima. Não teve dúvidas em colocar a culpa do ocorrido no fato de ter sido apressado várias vezes  enquanto se vestia.  
        
        Havia ido ao teatro todo elegante com seu blazer para ocasiões especiais, mas vestindo por baixo, a "discretíssima" calça listrada do pijama!!!

        Como não rir???


Santos, 03 de dezembro de 2025