Foi numa segunda-feira como hoje, que há 22 anos disse adeus a Rio Claro após 52 anos lá vividos.
Na mudança além dos móveis e todos os pertences, carregava uma alma ansiosa repleta de sonhos, de expectativas, de vontade plena de viver.
O cantinho já reservado e pronto para me receber, foi aos poucos sendo preenchido, arrumado e decorado com o que pude trazer e o que caberia nele, afinal saí de um sobrado com muitos cômodos para um pequeno apartamento.
No espaço apesar de pequeno coube a felicidade que era enorme.
Casa nova, cidade nova, comércio novo e o mais importante, novos amigos vieram se juntar aos tantos amigos que deixei em Rio Claro, mas que visito sempre juntamente com familiares que moram na querida Cidade Azul.
A despeito dessas novas experiências jamais esqueci minha Rio Claro da infância, adolescência e maturidade. Trago-a no coração.
A experiência de sair para uma simples caminhada pela ruas vizinhas e não encontrar alguém conhecido era um tanto assustador e ao mesmo tempo desafiador. Era eu comigo mesma a descobrir meu novo mundo.
Relembro detalhes dos primeirdos dias após toda a acomodação da mudança.
Na primeira tarde que saí ouvi o badalar de um sino me informando que havia uma igreja perto.
Depois a constatação do comércio na vizinhança, dos shoppings também próximos e sem dúvida nenhuma com deslumbramento diante do enorme e sempre bem cuidado e florido jardim da orla.
Quantas vezes nestes primeiros tempos fiquei horas sentada em um banco unicamente na companhia de um livro e da belíssima visão do mar, do céu e das passagens dos cruzeiros a caminho do mar aberto nos finais de tarde.
Após uns meses de puro torpor falou mais alto a sensação de inutilidade que nos domina após a aposentadoria. Não tive dúvidas: comecei a colaborar em uma escola próxima. Por lá fiquei 10 anos e fiz belas amizades que perduram até hoje.
Conheci posteriormente outras pessoas e outras famílias que foram e continuam a ser muito importantes para mim.
A admiração por este cantinho que escolhi como meu só aumentou.
Tive perdas sim, algumas bem dolorosas, mas a memória não me trai nunca e constantemente abre a caixinha das lembranças dos bons momentos e escorrem algumas lágrimas, mas são de puro agradecimento por ter podido vivenciar estas ocasiões tão felizes.
E foram muitas, é bom que eu diga!
Nessa segunda-feira ensolarada e com o Natal já batendo à nossa porta, olho para trás e vejo que o caminho trilhado até aqui nesta bela cidade que me encantou desde a adolescência, desperta uma enorme gratidão por tudo o que vi e vivi até hoje.
Que venham novos aprendizados, que venham novas experiências, que venham mais amizades e sobretudo, que venham mais emoções positivas.
Muto obrigada Pai por tudo!
Santos, 15 de dezembro de 2025
Nota: Esqueci de agradecer à amiga que indicou este cantinho: Obrigada Nanci Buschinelli.

