Estamos
em pleno Reinado de Momo e quer se queira ou não, é praticamente impossível
passar ao largo disso.
Ninguém
discorda que apresentamos mudanças ao longo dos anos. Mudanças que ocorrem não somente no físico e
no comportamento, mas também em nossas escolhas e preferências. E no meu caso, aqui
se encaixa o carnaval.
A
folia de hoje já não me atrai mais. Em alguma esquina da vida, deixei de gostar
desta festa.
Na
infância era impossível dissociar carnaval de meu avô paterno, Adolfo.
De imediato
vem a lembrança dos pacotes de confetes e rolos de serpentina que comprava para
os netos. Também era ele quem nos levava
nas matinês do Grupo Ginástico Rio-Clarense, clube que ele frequentava há muitos anos.
Entretanto,
o presente que mais esperávamos, eram aqueles tubos metálicos dourados
- os famosos lança-perfumes. Estes tubos traziam
um tipo de gatilho com borrachinha vermelha, que ao ser pressionado, soltava o
líquido geladinho e perfumado.
Era mesmo uma delícia brincar com eles!
O
mau uso do lança-perfume acabou por acarretar sua proibição.
Uma
pena!
Havia
também o que chamávamos de laranjinhas ou bisnagas, que cheias de água, eram
usadas para refrescar os foliões espirrando jatos d'água sobre eles. A criançada fazia guerrinhas com estas
bisnagas.
Como
sempre, houve quem distorcesse o uso destes brinquedos e surgiu então o chamado
sangue de diabo. Era água com tinta vermelha que manchava as roupas das
pessoas.
Além
das matinês nos clubes, havia também os desfiles de rua.
Nestas
ocasiões minha mãe costurava sacolinhas de filó fechadas com cadarços, para
levarmos confetes e serpentinas no chamado corso carnavalesco.
Eu
particularmente não gostava de escolas de samba, mas me encantava com os carros
alegóricos dos clubes da cidade.
Com
suas luzes multicoloridas, suas bandas, suas princesas e suas rainhas,
alegravam a todos e arrancavam aplausos ao longo de todo o trajeto pelas ruas
centrais da cidade.
Nossa
alegria chegava ao máximo quando acontecia de algum componente do carro
alegórico, nos jogar rolos de serpentinas.
As
músicas alegres e divertidas, ainda lembradas até hoje, eram as marchinhas de
carnaval.
Anos
mais tarde, já na juventude, os bailes nos salões eram esperados com ansiedade
o ano todo.
"Tanto
riso, oh, quanta alegria..." *
Quem
de nós não tem boas lembranças dos carnavais da juventude?
Como
é imperativo à vida, vieram as mudanças nesta festa e em nós mesmos. Elas foram acontecendo ano
após ano e cada vez mais aceleradas.
Nos
salões, as antigas marchinhas deram lugar a diferentes ritmos, acompanhando a
preferência dos jovens de hoje.
O
carnaval de rua, simples e para o povo, sofisticou-se a tal ponto que hoje se constitui
num verdadeiro espetáculo.
Não
há como discordar da beleza e da riqueza dos desfiles na avenida das grandes
cidades. Entretanto, tudo isso tem um custo que boa parte da população não pode
assumir.
Felizmente
restam os animados blocos que são organizados por entidades, por bairros , ou
por amigos, e ainda conseguem dar voz e vez a todos, mantendo o carnaval
realmente como a festa do povo.
Atualmente
esta festa não me atrai mais, mas as marchinhas...ah...dessas não me esqueço
jamais!
Bom
carnaval ou....bom descanso!
Santos,
15 de fevereiro de 2015
* Música : Máscara Negra
Composição: Zé Kéti e Pereira Mattos
Gravação: Dalva de Oliveira
Marcha de carnaval de 1966
Música: Tomara que Chova (atualíssima).
Composição: Paquito e Romeu Gentil
Gravação: Emilinha Borba - 1950.
Vídeo mostra cena do filme Aviso aos Navegantes (1950) com Oscarito e Grande Otelo.
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