domingo, 15 de fevereiro de 2015

HOJE É CARNAVAL




Estamos em pleno Reinado de Momo e quer se queira ou não, é praticamente impossível passar ao largo disso.
Ninguém discorda que apresentamos mudanças ao longo dos anos.  Mudanças que ocorrem não somente no físico e no comportamento, mas também em nossas escolhas e preferências. E no meu caso, aqui se encaixa o carnaval.
A folia de hoje já não me atrai mais. Em alguma esquina da vida, deixei de gostar desta festa.
Na infância era impossível dissociar carnaval de meu avô paterno, Adolfo. 
De imediato vem a lembrança dos pacotes de confetes e rolos de serpentina que comprava para os netos.  Também era ele quem nos levava nas matinês do Grupo Ginástico Rio-Clarense, clube que ele frequentava há muitos anos.
Entretanto, o presente que mais esperávamos, eram aqueles tubos metálicos dourados - os famosos lança-perfumes.  Estes tubos traziam um tipo de gatilho com borrachinha vermelha, que ao ser pressionado, soltava o líquido geladinho e perfumado.
Era mesmo uma delícia brincar com eles!
O mau uso do lança-perfume acabou por acarretar sua proibição.
Uma pena!
Havia também o que chamávamos de laranjinhas ou bisnagas, que cheias de água, eram usadas para refrescar os foliões espirrando jatos d'água sobre eles.  A criançada fazia guerrinhas com estas bisnagas.
Como sempre, houve quem distorcesse o uso destes brinquedos e surgiu então o chamado sangue de diabo. Era água com tinta vermelha que manchava as roupas das pessoas.
Além das matinês nos clubes, havia também os desfiles de rua.
Nestas ocasiões minha mãe costurava sacolinhas de filó fechadas com cadarços, para levarmos confetes e serpentinas no chamado corso carnavalesco.
Eu particularmente não gostava de escolas de samba, mas me encantava com os carros alegóricos dos clubes da cidade.
Com suas luzes multicoloridas, suas bandas, suas princesas e suas rainhas, alegravam a todos e arrancavam aplausos ao longo de todo o trajeto pelas ruas centrais da cidade.
Nossa alegria chegava ao máximo quando acontecia de algum componente do carro alegórico, nos jogar rolos de serpentinas.
As músicas alegres e divertidas, ainda lembradas até hoje, eram as marchinhas de carnaval.
Anos mais tarde, já na juventude, os bailes nos salões eram esperados com ansiedade o ano todo.
"Tanto riso, oh, quanta alegria..."  *
Quem de nós não tem boas lembranças dos carnavais da juventude?
Como é imperativo à vida, vieram as mudanças nesta festa e em nós mesmos. Elas foram acontecendo ano após ano e cada vez mais aceleradas.
Nos salões, as antigas marchinhas deram lugar a diferentes ritmos, acompanhando a preferência dos jovens de hoje.
O carnaval de rua, simples e para o povo, sofisticou-se a tal ponto que hoje se constitui num verdadeiro espetáculo.
Não há como discordar da beleza e da riqueza dos desfiles na avenida das grandes cidades. Entretanto, tudo isso tem um custo que boa parte da população não pode assumir.
Felizmente restam os animados blocos que são organizados por entidades, por bairros , ou por amigos, e ainda conseguem dar voz e vez a todos, mantendo o carnaval realmente como a festa do povo.
Atualmente esta festa não me atrai mais, mas as marchinhas...ah...dessas não me esqueço jamais!
Bom carnaval ou....bom descanso!


Santos, 15 de fevereiro de 2015 

* Música : Máscara Negra
   Composição: Zé Kéti e Pereira Mattos
   Gravação:  Dalva de Oliveira
 Marcha de carnaval de 1966




Música: Tomara que Chova (atualíssima).
Composição: Paquito e Romeu Gentil
Gravação: Emilinha Borba - 1950.
Vídeo mostra cena do filme Aviso aos Navegantes (1950) com Oscarito e Grande Otelo.


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