terça-feira, 14 de outubro de 2014

O QUE COMEMORAR?


Outro 15 de outubro assinalado no calendário.
Já comemorei esta data incontáveis vezes.
Lembro-me das festinhas feitas na escola “Marcello Schmidt” quando ainda iniciava a vida estudantil.  As comemorações eram feitas no pátio onde todas as classes ficavam reunidas.
Era uma alegria só!
Em uma ocasião, não recordo o motivo, a criançada foi dividida em grupos menores que posteriormente foram encaminhados para as salas onde sempre funcionavam as 4ªs séries do antigo curso primário. 
Esse dia ficou marcado para mim por dois motivos principais. Como estávamos ainda na 2ª série, eu e demais colegas de turma, nos sentimos muito importantes entrando no espaço que era destinado aos alunos mais velhos. Tínhamos muita curiosidade em conhecer aquelas classes. Outro fato marcante foi observar que a separação entre as duas salas, era feita por uma grande divisória de madeira que para nosso espanto e alegria, foi aberta na nossa frente.  Os dois ambientes foram reduzidos a um único e imenso espaço onde a festa para os professores aconteceu. 
Vi esta divisória ser aberta outra vez, somente muitos anos mais tarde quando já dirigia a escola. Numa noite chuvosa e com muito vento, foi necessário abri-la para acomodar melhor os muitos participantes de uma reunião.
Ao longo dos anos escolares, as homenagens aos mestres continuaram sempre com muitas festas. As crianças, adolescentes ou jovens, faziam questão de cumprimentar seus professores.
Claro que sempre houve e sempre haverá aqueles mais queridos, com mais empatia e mais próximos do alunado.  Independente disso, todos os mestres tinham o reconhecimento e recebiam homenagens.
Já formada e exercendo a profissão, tive a alegria e prazer juntamente com os colegas, de receber muitos cumprimentos por ocasião desta data tão importante para nós.
Ainda tenho guardados muitos cartões, desenhos e bilhetes recebidos de alunos e ex-alunos.  Creio que muitos professores também devem ter este tipo de acervo conservado com muito carinho.
Entretanto ao longo da carreira, começamos a sentir uma desvalorização de nosso trabalho através de governos (ou seriam desgovernos?), que pouco a pouco deixaram a educação em segundo plano. O professor depreciado cada vez mais através dos baixos salários viu-se obrigado a correr de uma escola a outra e trabalhar em três turnos diários, para ter ao menos, um salário para necessidades básicas.
Nessa curva absurdamente descendente do magistério, houve até autoridade política dizendo em alto e bom som, que professora não era mal paga, mas sim, mal casada.  Creio que meus contemporâneos lembrem-se desta famosa frase.
Em função disso tudo, começamos a observar de alguns anos para cá um fato que era absolutamente esperado. Os profissionais estão abandonando o magistério e partindo para áreas onde sua competência é reconhecida e valorizada.  Em certas regiões o diretor de escola tem até dificuldade em encontrar profissionais habilitados, licenciados, que realmente exerçam o magistério com competência.  
Boa parte dos professores que continuam em sala de aula, enfrentam problemas vários que começam com o baixo salário, passam pela ausência de respeito e de educação para consigo, e chegam aos extremos da insegurança pessoal.
Se a despeito disso tudo ainda continuam firmes em seu mister, é porque são movidos pelo idealismo do verdadeiro educador.
Quem sabe num futuro próximo, nossas autoridades educacionais reconheçam a importância e o valor desta profissão e a eleve novamente ao patamar de onde jamais poderia ter caído!
Só espero que não seja tarde demais!
É a esses profissionais idealistas que deixo aqui minha homenagem e o meu respeito.
FELIZ DIA DO PROFESSOR!

Santos, 14 de outubro de 2014.



4 comentários:

  1. OLÁ, Lígia! muito bom ler mais um texto seu!
    Parabéns! abraços
    neusa

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  2. Obrigada por sua visita e comentário, Neusa! Um abração para vc.

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  3. Como semore tudo muito bem colocado obrigada pelas palavras fomos profs dedicamos nossa vida a educação .graças a Deus numa época boa. Parabens amiga

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  4. Belo e verdadeiro o seu texto
    Parabéns.
    Parabéns a todas nós que abraçamos essa profissão como se fora um sacerdócio. Abraços.

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