domingo, 11 de março de 2012

ENTENDERAM?



“Eu só sou responsável pelo que falo, não pelo o que você entende."
Li há pouco numa rede social, essa frase atribuída a William Shakespeare.
 Apesar de concordar com ela faço algumas restrições. De imediato ela reportou-me ao tempo de magistério.
 Lembrei-me de um tipo de questionamento feito frequentemente por professores logo após alguma explanação em sala de aula. Creio até que muitas vezes a formulação desta pergunta acaba virando um vício. Explicação concluída e lá vem a clássica pergunta: Vocês entenderam?
Essa interrogação dita e repetida à exaustão na vida de quem trabalha no magistério, embora geralmente receba como resposta um sonoro sim, pode mostrar posteriormente que a interpretação feita pelo aluno estava longe de ser a correta.
 O tema estudado durante a aula é comentado, explanado, apresentado na forma de imagens, vídeos, áudios, enfim, explorado através dos muitos recursos que a tecnologia moderna oferece. Entretanto uma simples palavra pode causar uma distorção muito grande na compreensão daquele que a ouve.
Isso é fato comum nos meios de comunicação, mas o professor em especial acumula ao longo dos anos, exemplos e mais exemplos que comprovam isso. 
Impossível esquecer a situação na qual uma aluna no início de sua vida escolar, resolveu rapidamente uma questão de maneira totalmente inesperada.
Haviam acabado de aprender sinônimos e antônimos e no exercício fora-lhe pedido que escrevesse o contrário de vários adjetivos.  A garota não teve a menor dúvida e seguindo exatamente o que lhe fora pedido, escreveu com sua letra bem infantil: otinob, orucse, osil, etrof, na frente de bonito, escuro, liso e forte, respectivamente.
A professora não teve outra opção a não ser considerar como certa a questão. Concluiu que sua pergunta realmente havia dado margem a esse tipo de resposta.
Em outra situação durante uma aula sobre mudanças de estados físicos da água para uma classe ainda no início do Ensino Fundamental, após várias explicações e demonstrações dos processos, o professor foi pego de surpresa quando uma das crianças erguendo a mão, o interrompeu aflita querendo saber se o gelo sentia dores.  Como não entendesse o porquê daquela pergunta, pediu que ela esclarecesse melhor sua dúvida.
- O senhor disse que o gelo sofre fusão.  Isso dói nele? A gente sofre quando tem dor.
Enquanto o professor dirigia seus pensamentos única e exclusivamente para um processo físico da natureza, os pensamentos do aluno divagavam com o uso do verbo sofrer.
Houve caso até que resultou numa animosidade entre aluno adolescente e seu professor, pois este inadvertidamente fez uma pergunta muito subjetiva numa prova mensal, recebendo como resposta uma frase que ele considerou desrespeitosa e provocativa.
 Até que se chegasse num consenso já que a resposta não deixava de estar completamente correta, este fato rendeu reuniões com pais do aluno, professor, direção, coordenação, etc.
Estes poucos exemplos mostram a importância do processo de avaliação e a necessidade imperativa de se saber não somente o que avaliar, mas COMO avaliar!
Nem sempre o que está absolutamente claro para quem fala, será assim assimilado por quem ouve, desconsiderando obviamente as propositais deturpações.
Portanto a comunicação deve ser clara, objetiva e direcionada visando minimizar diferentes compreensões.
Certo estava Sr. Abelardo Barbosa que há tantos anos já apregoava: Quem não se comunica, se trumbica!

Santos, 11 de março de 2012  

Um comentário:

  1. É minha cara amiga, as palavras tem um poder absoluto de transformar o mundo. Um palavra dita sem muita responsabilidade e conhecimento pode fazer alguém disparar a bomba atomica.

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