sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Eu e o cinto de segurança

     





    Não há dúvida quanto à necessidade e importância do uso obrigatório do cinto de segurança durante qualquer deslocamento em veículos sejam, automóveis, ônibus de viagem, transporte escolar, táxis, carros de aplicativos, vans, etc.

    Não discordo de seu uso em momento algum, mas realmente eu e ele temos uma incompatibilidade constante.

    Como tenho pouca altura uso o banco posicionado bem para frente, assim como o encosto do referido banco. Resultado: o cinto passa justamente sobre meu pescoço, fato que incomoda demais. 

    Para sanar este problema passei a usar um tipo de proteção com um pouco de espuma que protege a pele do meu pescoço contra o atrito com o tecido do cinto.

    Mesmo antes do uso deste acessório tornar-se obrigatório eu já fazia uso quando em viagens a passeio ou a trabalho.

    Foi justamente por ocasião de uma dessas situações que ocorreu o primeiro incidente.

    Éramos quatro profissionais e eu ocupava um local no banco traseiro. 

    O carro não era muito novo e era dirigido por sua proprietária. 

    Deslocávamos na chamada Serra de Corumbataí para participarmos de reunião com professores em uma cidade vizinha.

    Foi quando resolvi colocar o cinto de segurança que se encaixou perfeitamente.

    Chegamos ao destino bem em cima do horário marcado para o início dos trabalhos.

    Sendo assim, mal a motorista desligou o veículo e todas suas ocupantes já desceram apressadas.

    Todas não!!!!!

    Eu fiquei presa no carro!

    Não consegui destravar o cinto. 

    Foi quando notei que ele estava enferrujado e provavelmente essa era a causa do problema. 

    Minhas companheiras ao me verem literalmente lutando com o cinto, voltaram para o carro com o objetivo de me ajudarem. 

    Nenhuma tentativa surtia efeito e a estas alturas, as risadas para não dizer gargalhadas, atrapalhavam mais ainda. 

    Tentei escorregar por baixo do cinto, mas não deu certo. 

    Uma amiga ajoelhou-se no chão do carro para ter melhor visão do problema, mas também não teve êxito em me soltar.

    O diretor da escola que de longe via toda a confusão e sabendo a causa, veio em meu auxílio com uma tesoura na mão.

    Por sorte, antes de cortar o cinto, fiz um movimento mais brusco e consegui me libertar.

    Não preciso dizer que na viagem de volta nenhuma das ocupantes do carro se atreveu a colocar o tal cinto de segurança.

    Recentemente fui a São Paulo de ônibus e embarquei sem maiores problemas.

    Antes de começar a viagem resolvi colocar o bendito acessório que realmente é necessário.

    No banco ao meu lado estava sentado um rapaz um pouco acima do peso.

    E foi aí que começou meu sofrimento.

    Por mais que eu tentasse não conseguia encaixar e fechar a fivela do cinto mesmo porque  mal conseguia vê-la já que parte do corpo do rapaz tampava minha visão do local.

    Embora o ar condicionado estivesse relativamente fresco dentro do veículo, eu já estava suando de tanto tentar sem sucesso abotoar o bendito cinto.

    Foi quando ouvi um..CRECK

    Isso deu-me um grande alívio!

    Aquele barulhinho foi como um bálsamo para mim. 

    Recompus-me e já preparava para relaxar quando o companheiro do banco ao lado virou-se para mim e disse:

    - A senhora acabou de soltar meu cinto!

    Olhei para ele incrédula e já rindo muito.

    O tal CRECK que ouvira fora justamente o cinto do rapaz sendo aberto.

    Foi nesse momento que ele se levantou e  pude ver que a ponta que correspondia ao meu acessório estava justamente sob o corpo dele.

    Aproveitei o momento que ele estava em pé para então fechar meu cinto de segurança, fato que ele também fez com o dele assim que se acomodou novamente no banco. 

    Realmente eu e os tais cintos de segurança temos uma visível incompatibilidade.


Santos, 12 de setembro de 2025

Para as companheiras de viagem até Itirapina (SP) e em especial para Lázara (in memoriam) que até se ajoelhou no chão do carro na tentativa de me ajudar.

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