A vida caminhou bem até então, dentro da rotina, sem fatos inesperados ou preocupantes que alterassem o cotidiano.
Isso foi bom e ruim ao mesmo tempo. Bom pela ausência de problemas, mas ruim pois nesta situação a pessoa acomoda-se na chamada zona de conforto e estanca a vida. Era assim que ela se sentiu: estagnada.
Reconheceu que havia chegado o momento de fazer a travessia.
A insegurança claro que se fez presente, mas a vontade de dar uma guinada na estrada foi bem mais forte.
A vida profissional estava resolvida. Havia chegado a hora de deixar seu lado pessoal se expandir, explorar novas atividades, sem amarras com qualquer compromisso de trabalho.
O que a deixou mais pensativa foram justamente as ligações afetivas, todas criadas e desenvolvidas ao longo de mais de cinco décadas vivendo na mesma cidade e na mesma casa. Cada rua, cada avenida, despertavam de imediato, lembranças de algum fato importante. Aprendera desde a infância a amar aqueles cantinhos que até hoje chama de seus.
Com relação aos familiares e amigos, o mesmo se passou. Totalmente descartada a possibilidade de distanciar-se de todos.
Os momentos de indecisão foram vários, mas a vontade de explorar novas experiências sempre foi muito forte e suplantou todos empecilhos.
Foi assim que, chegando a oportunidade de optar pelo novo caminho a seguir, lembrou-se de Santos que a encantou quando tinha 14 anos.
Já havia visitado a cidade aos 3 anos de idade, mas nenhuma lembrança ficou, a não ser as poucas fotos em preto e branco feitas na praia e no famoso leão do Gonzaga. Entretanto, na adolescência, Santos lhe cativou.
A imagem das palmeiras imperiais na Av. Dona Ana Costa, os hotéis na região, o jardim, a praia, tudo isso estava bem gravado em sua memória.
Nem cogitou outro local - Santos já havia entrado em seus sonhos.
Chegou de mudança em um final de ano. Sozinha e sem conhecer ninguém.
Pouco a pouco foi tomando ciência dos lugares, dos passeios, fazendo amizades e muitas caminhadas nos calçadões.
Estranhou a princípio o fato de caminhar por tempos sem encontrar conhecidos. Era comum deparar-se com amigos toda vez que saía na rua em sua cidade natal.
A época da mudança também foi muito favorável. A cidade estava decorada para as festas natalinas.
Famílias inteiras passeando no bem cuidado jardim, ruas planas, a beleza da natureza, tudo isso deu-lhe uma sensação muito boa. A alegria das pessoas a contagiou.
Hoje, mais de duas décadas transcorridas, o encantamento pela cidade só aumentou.
O pôr do Sol, a chegada e saída de navios de cruzeiros do porto, veleiros no mar, o colorido das flores do jardim contrastando com o verde da vegetação e o azul do céu, o centro antigo com ainda alguns prédios históricos, museus, o belíssimo prédio que abriga a Pinacoteca Benedicto Calixto, e até as apresentações de arte como o Projeto Chorinho no Aquário, etc.
Sua cidade natal continua sendo amada por ela e sempre que possível vai rever amigos e familiares que por lá deixou, mas com certeza Santos se apoderou definitivamente de sua alma.
Santos, 25/03/2024
Corajosa e deliciosa travessia!!! Parabéns pela iniciativa!!!
ResponderExcluirObrigada Angela. Sinto saudades de Rio Claro, mas Santos me encanta.
ExcluirLembro nosso encontro no Shopping Balneário e vc estava procurando apto para mudar...Muito bom...
ResponderExcluirAhh..só pode ser você Maria José Hebling. Lembro bem desse nosso encontro. Você me encorajou com suas palavras. Obrigada.
ResponderExcluirAcertou com a cidade. Realmente encantadora. Sdds de Santos qdo ficava no apto na José Menino...
ResponderExcluirVerdade Vasni. Arranje um tempinho e venha oara cá.
ExcluirObrigada pela visita e comentário no blog.
Moro no mesmo prédio a cinquenta anos. Dificilmente encontro conhecidos pela rua. A população muda e cresce. Muito vão e muitos chegam.
ResponderExcluirSim, a população muda e cresce, mas a despeito disso e mesmo tendo partido há mais de 20 anos, sempre que vou a Rio Claro, encontro amigos e conhecidos nas ruas, no comércio, nos passeios,etc. Gosto muito disso e sinto reciprocidade nestes encontros.
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