Olhar ameaçador!
Alguém em sã consciência já viu alguma pomba com olhar ameaçador?
Pois ele vê!
E não só em pomba. Vê este olhar em vários pequenos animais, desde mariposas e até numa inocente cigarra como uma que inadvertidamente teve o atrevimento de entrar em sua casa causando um alvoroço incrível.
Talvez uma conversa com terapeuta ajude a explicar os motivos de tanta paura.
Algumas lembranças de fatos da infância já corroboram para desvendar, ao menos em parte, o que desencadeia este comportamento exagerado em um adulto.
Com pouca idade ele via com certa frequência a funcionária da casa representar com as mãos e seus longos dedos, aranhas se deslocando sobre a mesa de forma assustadora em sua direção. Isto o fazia se afastar num átimo, aos atropelos.
Será que estes episódios desencadearam os temores por outros seres, mesmo que pequenos? Pode ser.
O fato é que cada contato acidental com animais tão menores que ele, resulta em atitudes inesperadas que provocam momentos muito hilários.
Atualmente são as pombas que têm caído pela chaminé, surgindo de maneira atabalhoada na sala.
Quando menos ele espera, o barulho do bater das asas seguido da visão de uma delas na lareira, já é sinal que vem confusão no pedaço.
Nem cogita a possibilidade de se aproximar para ajudá-la a encontrar a saída. Limita-se a abrir as janelas e rapidamente sai do ambiente, ficando de longe na torcida para que a inocente e atordoada pomba voe para longe.
Tem sido assim neste final de verão europeu.
Estou lembrando agora que a pomba é o símbolo da paz. Imagine se fosse o símbolo da guerra!
No exato momento que relato este fato está justamente acontecendo a visita de uma pomba, que segundo ele, tem olhares ameaçadores.
Ela está tranquilamente pousada sobre a TV, enquanto ele está fora da casa, espiando pela janela e torcendo para que o feroz animal vá embora.
Uma cena jocosa com gargalhadas garantidas.
Santos, 20 de setembro de 2024.
Ps: Um alerta a ele: está mais do que na hora de colocar a telinha
na chaminé, antes que entre uma ave de rapina.
Aí sim, teria motivos para correr.