terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

QUANDO A PAIXÃO DESCONHECE O TEMPO



Corria os anos 70 e no Brasil e no mundo, ainda se vivia a efervescência que brotara na década anterior, revolucionando a cultura, a política, as artes e os costumes de um modo geral.
Alheio a toda esta agitação que encontrou guarida principalmente na juventude, ele começou a viver uma história, a princípio simples, tímida, mas que desencadeou um sentimento que o acompanharia pelas mais de três décadas que se seguiram.
Naquela turma que começava sua vida universitária, ele era apenas mais um novato que estava maravilhado com tantas novidades.  Pelo seu jeito simples de ser, foi logo aceito pelos grupos que se formavam.  Veio de outra cidade buscar conhecimentos, buscar a formação profissional que desejava para sua vida adulta. Mal sabia ele que encontraria também nesta nova cidade, na sua turma de alunos, uma pessoa especial que lhe marcaria para sempre.
Bastava o olhar encontrá-la que os sentimentos afloravam à pele.  A princípio decidiu aguardar, ficar silente sobre o que acontecia receoso de ser mal interpretado.
O contato era diário e isso só fez crescer a paixão que começara tão tímida, tão insegura.
Finalmente após um tempo já não era mais tão fácil disfarçar o que sentia e amigos próximos perceberam o que se passava. Foi quando a história começou a ser escrita, mas de maneira praticamente invertida, já que o final chegou junto com o início.  
A paixão que o dominava não era correspondida de maneira alguma.  
As tentativas de uma aproximação maior foram uma a uma descartadas, com elegância e respeito, mas descartadas. 
Recolheu seus sentimentos e guardou-os na alma. 
Após os anos de estudos a turma concluiu o curso e cada um partiu em busca de suas realizações pessoais e profissionais.   
Os anos passaram céleres e tanto ele quanto ela constituíram famílias e seguiram a vida em cidades distantes.
Quase quatro décadas depois participando de um evento, ele casualmente encontrou uma ex-colega universitária e sem esconder a ansiedade, quis saber notícias de sua antiga paixão.  Absorveu cada palavra que ouviu, mesmo sendo tão poucas as informações obtidas.
Comentou que conseguira homenageá-la dando seu nome a uma neta.
Num momento de descontração ainda neste evento, quando o espaço foi disponibilizado para apresentações, ele não se conteve e subindo ao palco cantou com imensa ternura, a música que foi a trilha sonora de toda sua vida: Aline.
Para esta paixão, o tempo simplesmente nunca existiu.



Santos, 17 de fevereiro de 2014.















10 comentários:

  1. Lindo, adoro essa musica!
    Parabéns amiga!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Obrigada Isabel!
    Pois é, a música marcante de nossa geração, mais ainda para essa pessoa.
    Abraços

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  4. Lindo, lindo e ...triste... quantos encontros e desencontros pela vida! Estamos sujeitos... estamos vivos!

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  5. É verdade Lucinda.
    Como já disse Vinícius:
    "A vida é a arte do encontro embora haja tantos desencontros pela vida".

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  6. Linda a mensagem,a paixão as vezes é confundida com amor,paixão pode passar mas o amor nunca!

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  7. Algumas "paixões" são inesquecíveis...

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  8. Uauuuu..uma história emocionante! Sem dúvida um sentimento lindo de ternura e carinho! Beijos

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  9. Emocionante mesmo. Um sentimento não correspondido ser mantido vivo por tantas décadas.

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  10. Meu primeiro amor da infância! Partiu para sempre ainda jovem. . Seu nome ficou eternizado em meu filho. ❤️🙏

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